“Então, dirigindo-se Jesus aos principais sacerdotes, capitães do templo e anciãos que vieram prendê-lo, disse: Saístes com espadas e porretes como para deter um salteador? Diariamente, estando eu convosco no templo, não pusestes as mãos sobre mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas” (Lucas 22.52-53).
Assim como aconteceu com o próprio Filho de Deus, há momentos em que nos deparamos com a hora dos inimigos e somos envolvidos no poder das trevas. E, conforme o que está escrito em Eclesiastes 11.8, devemos nos lembrar de que, nesta vida, há dias de trevas, e esses não são poucos.
Até certo ponto, estamos acostumados com a ação maligna e o avançar do mal em várias frentes. Recentemente, tenho sentido bastante as dores dos nossos irmãos ucranianos que, por quase um mês, têm sido massacrados pela ação cruel, criminosa e covarde da Rússia. Fatos assim nos afetam emocional e espiritualmente, contudo, o impacto desse tipo de mal é atenuado, até certo ponto, pela distância geográfica que nos separa dessa e de outras ações do império das trevas em diferentes partes do mundo.
Infelizmente, o poder das trevas não reconhece limites geográficos e, no último dia 19 de março, chegou bem perto de nós. Estou me referindo à tragédia que vitimou uma família que fazia parte da Igreja Batista Regular da Fé, em Patos-PB. Um adolescente de 13 anos, revoltado com a decisão do pai de não lhe permitir gastar mais algumas horas em jogo eletrônico por meio do celular, usando a arma do pai, um policial reformado, matou a mãe e o irmão de sete anos. Ao se defrontar com a cena trágica, o pai tentou convencer o filho a lhe entregar a arma. Infelizmente, ele não obedeceu e atirou também no pai, o irmão Bené, que se encontra internado em estado crítico na cidade de Campina Grande.
Todos nós morremos um pouco quando ouvimos notícias dessa natureza. No meu caso, o impacto foi ainda maior, pois, anos atrás, tive oportunidade de fazer uma conferência nessa igreja. A foto do velório me transportou para o culto fúnebre e arremessou sobre o meu coração parte significante da dor dos irmãos que ali choravam pelas vidas destruídas. Esse é o tipo de evento para o qual nos faltam palavras e, se quisermos dizer algo, nossa melhor mensagem será o amargo silêncio.
As trevas avançam sobre a Ucrânia, sobre a cidade de Patos e, possivelmente, neste momento, estejam avançando sobre a sua própria vida. Em momentos assim, podemos nos identificar perfeitamente com Davi que, no Salmo 13, sentindo-se oprimido pelo poder do mal, exclamou: “Até quando, Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto? Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia? Até quando se erguerá contra mim o meu inimigo? Atenta para mim, responde-me, SENHOR, Deus meu! Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte; para que não diga o meu inimigo: Prevaleci contra ele; e não se regozijem os meus adversários, vindo eu a vacilar” (Salmos 13.1-4).
Como disse o salmista, o nosso inimigo não tem outro alvo senão nos aniquilar e, depois, declarar orgulhosamente: “Prevaleci contra ele”! No entanto, nós sabemos que, em última análise, a vitória pertence ao SENHOR. O mal tem sua hora, e as trevas, seu momento de conquista; contudo o nosso Deus domina eternamente, o Seu poder não conhece limites.
O irmão Bené e o seu filho que foi autor dos crimes devem ser objeto das nossas orações. E, enquanto sentimos a dor da família e da igreja, levantemos nossos olhos aos Céus e aguardemos ansiosamente o momento em que a igreja de Cristo será arrebatada “entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.” Que essa bendita esperança console os nossos corações (cf. 1Tessalonicenses 4.17-18).
Maranata! Vem, SENHOR Jesus!
Comments