Parece-me que há muito tempo a Igreja se voltou para dentro de si, e a pretexto de abandonar o “mundo”, em verdade acabou por abandonar a sociedade e a influência espiritual que deveria exercer na autoridade de Cristo.
Parece-me que a Igreja, ou, pelo menos, boa parte dela – passou a pregar mais a religião denominada “cristianismo”, com todas as regras e estruturas que dela passaram a fazer parte – do que pregar o próprio Cristo.
Como servos de Cristo Jesus, munidos dos valores e princípios que Ele ensinou, devemos dar testemunho saudável e ser uma boa influência (sal e luz) na sociedade, sem fazer nenhuma distinção de pessoas.
Porém, ao esquecer que nossas ações devem estar integradas à nossa própria vida espiritual, lamentavelmente muitos que se denominam cristãos – inclusive evangélicos e pastores – politizam o evangelho de Cristo; identificam a fé cristã com um programa político; postam ou compartilham informações ou notícias sabidamente mentirosas (e disso tenho sido testemunha por inúmeras vezes), espalhando discórdia e divisão, especialmente entre irmãos (sim, pois existem, nas Igrejas, pessoas de diferentes correntes políticas). Hoje, em muitas Igrejas, pastores transformam o púlpito em palanque na defesa de um candidato, partido ou ideologia, com total desrespeito àqueles que pensam politicamente diferente e estão ali para participar de um culto.
Parece-me que na atualidade, uma Igreja fraca e sem o poder para influenciar a sociedade, pretende transferir para o Estado, por meio de um programa político, o que não é transferível, ou seja, a influência espiritual com os valores e princípios de Cristo, tarefa que só a Igreja de Cristo pode exercer por meio da evangelização e do testemunho pessoal.
“A pressão na igreja por ‘pietizar’ a política e por resmungar demandas educadas na direção da política só vai se intensificar. Quando esse soar de sirenes é atendido, o que acontece é evidente em qualquer leitura que se faça da história da igreja, em que se verá o pior da história política. A perversão dos melhores produz o pior” (Sweet Leonard / Vola Frank; Manifesto Jesus, Garimpo Editorial, 2015, pag. 121).
A reforma política e social do mundo pelos poderes instalados nunca foi a agenda do Corpo de Cristo. Afinal, precisamos voltar às origens e constatar que Jesus foi executado pela “melhor” Religião daquela época, em conjunto com o Estado mais poderoso de então.
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Dr. Joel Alves Sousa Júnior.
Advogado, Mestre em Direito Empresarial (PUC).
Prof. Universitário. Foi Reitor da Universidade S. Francisco.
Casado com Lúcia, e em dois filhos, Joel Neto e Juliana.
Membro da Igreja Batista Bíblica em Jacareí SP
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