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Há abrigo para as vítimas da tragédia?

Os últimos dias foram marcados por mais um trágico acontecimento que marcará a história: “A Catástrofe em Petrópolis no Rio de Janeiro”. Dezenas de pessoas viram tudo o que tinham se transformar num grande rio de lama misturados a corpos mortos e feridos e a destroços daquilo que um dia fora sua riqueza. Anos e mais anos de trabalho e dedicação foram embora em poucos instantes. Pânico, medo, desespero e dor tomaram conta de milhares de pessoas. Ficamos perplexos! O que fazer? Quem proverá o abrigo físico, emocional e espiritual para essas vítimas e seus familiares? Quem se importa? Fazendo uma análise profunda e real, muitos de nós ficam apenas a observar as tragédias pessoais dos outros, mantendo uma distância segura, falando palavras e frases como: Oh! Sinto muito! Que triste! Mas na verdade não nos envolvemos nem nos esforçamos para ajudar.


Mas… qual é a maior tragédia? A indiferença. O contrário do amor não é o ódio, é indiferença.


No Salmo 31.12 Davi derrama seu coração diante de Deus dessa forma: “Estou esquecido no coração deles, como morto; sou como vaso quebrado. ” O salmista não encontra um ser humano onde se apoiar, não tem com quem contar, com quem dividir seus medos e dores pessoais. Esse é um retrato triste do meio cristão hoje. As igrejas deveriam ser como hospitais onde as pessoas levam seus sofrimentos, onde podem tirar a máscara e se abrir totalmente, onde feridas seriam curadas. As pessoas ao nosso redor estão sucumbindo na depressão, na solidão, no desespero e, infelizmente chegando até ao suicídio. A quem podem recorrer caso estejam passando por uma tentação? Pela ameaça de um divórcio? Pela notícia de que seu filho é homossexual? Pela vergonha de terem cometido adultério? Se acabaram de sair da prisão? Com quem podem ser abertas e sinceras sem correrem o risco de serem ridicularizadas e julgadas duramente? Essas vítimas das tragédias da vida e do pecado precisam desesperadamente de pessoas que saibam ouvi-las, compreendê-las. Precisam de um lugar seguro, lugar de proteção e esconderijo como clamou o salmista. Nesses momentos de vulnerabilidade não há nada melhor do que um amigo para lhes segurar quando estão caindo.


A exemplo do nosso Mestre que “Não esmagará a cana quebrada…” Mt 12.20a, precisamos ser pessoas verdadeiramente cristãs, que sabem amar com profundidade, pessoas dispostas a ter trabalho com alguém com dificuldades, pessoas empáticas que demonstram terna compaixão para com os necessitados, pessoas que sabem mostrar aos outros o quanto são importantes, pessoas que conseguem olhar a falha do outro com misericórdia. Falta-nos amor altruísta conforme descrito em I Coríntios 13 um amor que se envolve, que age, que expressa sentimentos. Nos versos 4-7 o escritor sagrado lista quinze definições específicas do amor: “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. ” O escritor americano Charles Swindoll resume as quinze definições em cinco afirmações verdadeiras: “ ‘Eu aceito você exatamente como é’, ‘Creio que você tem muito valor’, ‘Se você estiver sofrendo, eu me preocupo’, ‘Desejo apenas o que é melhor para você’, ‘Perdoo todas as suas ofensas’ ”. Aí está a receita de um amor irresistível. Ah se todas as pessoas encontrassem alguém que demonstrasse esse tipo de amor por elas! Não teríamos tantos suicídios, tanta procura a psicólogos, nem uso contínuo de medicamentos antidepressivos.


Concluo minhas considerações com o exemplo supremo do nosso Mestre que, num contexto de traição, demonstrou amor altruísta, conforme descreve o evangelista: “Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. ” João 13.1. Mesmo sabendo que Judas era o traidor, Jesus o amou até o fim. E após demonstrar o exemplo supremo de humildade e valorização do outro ele ordena: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes. ” João 13.15-17. Que sejamos o abrigo emocional e espiritual para as vítimas das tragédias! Que aprendamos a amar como Cristo nos mandou e que, ao enxergarmos aqueles que estão sucumbindo na tristeza de seus pecados e problemas, estendamos a mão para resgatá-los.








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