Vivemos dias de difícil compreensão da geopolítica mundial pela perspectiva das nações. No dia 18 de abril de 1946, foi dissolvida formalmente a Liga das Nações que fora organizada em consequência dos horrores da Primeira Guerra Mundial. A sua dissolução não passou de mera formalidade, pois em 24 de outubro de 1945 a ONU - Organização das Nações Unidas já havia sido organizada como sucessora da Liga. Acreditava-se que futuros conflitos só poderiam ser impedidos se fosse criada uma instituição internacional permanente, encarregada de negociar e garantir a paz. Mas, também a ONU, surgida ao final da Segunda Guerra Mundial, já perdeu a finalidade.
Por outro lado, sob a iluminação das profecias bíblicas, é possível enxergar mais nitidamente o que está ocorrendo no mundo. Para falar sobre isso, antes de qualquer comentário ou posicionamento, quero te dizer que precisamos prestar atenção no tempo. Creio que que a expressão de Eclesiastes 3.1 serve de preâmbulo: “TUDO TEM SEU TEMPO DETERMINADO”.
O tempo é fundamental na profecia bíblica, pois sempre há um “tempo” para o que Deus fez, faz e fará. E não se trata de determinismo, mas de um Deus Soberano que a tudo ordenou em um plano eterno. Assim, esse tempo que para nosso entendimento dos acontecimentos é fundamental, não tem o mesmo significado para Ele que vive acima do tempo sem passado e sem futuro - um eterno presente.
De acordo com Ap 11.18, há um “tempo determinado para julgamento” e, portanto, a recomendação em 1 Co 4.5 é clara: “nada julgueis antes do tempo”. Pelo Novo Testamento ficamos sabendo que até os demônios sabem que há um tempo determinado para tudo, inclusive para o trato de Deus com eles: “Eis que gritaram (os demônios): que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” (Mt 8.29). Falando sobre a encarnação de Cristo, Paulo disse em Gl 4.4, “mas, vindo a plenitude dos tempos...”. Ou seja, Jesus, na Sua primeira vinda, veio no tempo determinado.
Lucas, falando sobre o período que se estende desde a destruição de Jerusalém (70 d.C.) até a segunda vinda (Revelação), diz “até que os tempos dos gentios se completem” (Lc 21.24). É bom lembrar que os tempos dos gentios, tem a ver com a dominação dos gentios sobre Israel que começou com o cativeiro babilônico, e só terminará quando Cristo destruir a última dominação dos gentios sobre Israel, por ocasião da sua segunda vinda.
Dentro desse “tempos dos gentios”, temos a “plenitude dos gentios” relacionado ao tempo em que a salvação está aberta aos gentios (Igreja), por causa da cegueira espiritual de Israel, e terminará com o arrebatamento. Depois desse tempo, Deus voltará a tratar com os judeus. Mas, entre tantos textos que mostram a importância do tempo nos planos de Deus, quero dar atenção especial para o que ocorreu nos dias do profeta Daniel, em relação ao tempo no plano profético.
“ÚLTIMO TEMPO DA ÍRA ... TEMPO DETERMINADO DO FIM”
(Dn 8.19)
Em Daniel temos a precisão da profecia das 70 semanas que, matematicamente, aponta para o tempo da primeira e da segunda vinda de Cristo. Esta é a espinha dorsal da profecia bíblica através da qual Deus determinou, com exatidão, o cronograma para o futuro de Israel. Trata-se de um período de 70 semanas-ano (490 anos), que começou a contar no dia 5 de março de 444 a.C., quando o rei Artaxerxes, da Pérsia (hoje Irã), emitiu a ordem, permitindo que os judeus, liderados por Neemias, retornassem à sua terra para reconstruir a cidade de Jerusalém (Ne 2.1-8).
Do início dessa contagem regressiva até a vinda do Messias são 69 semanas (483 anos ou 173.880 dias), de 5 de março de 444 a.C. até 30 de março de 33 d.C., dia em que Jesus teve a Sua entrada triunfal em Jerusalém (Lc 19.28-44). A precisão com que esta profecia foi cumprida no tempo, além de nos dar claro entendimento do futuro, também é uma comprovação irrefutável da inspiração divina da Bíblia.
As primeiras 69 semanas fazem parte de um tempo passado da história. Quanto à última semana de 7 anos (70ª semana) ainda está no tempo futuro. No momento, desde a rejeição do Messias por Israel, vivemos um intervalo de tempo indeterminado. Daniel (9.26) profetizou que, nesse intervalo, haveria dois grandes acontecimentos: 1 - A morte do Messias (3 de abril de 33 d.C.); 2 - A destruição de Jerusalém e do Templo (6 de agosto de 70 d.C.). Em relação a Israel, Deus pausou o cronômetro pelo período de tempo entre a 69ª e a 70ª semana-ano, na Dispensação da Igreja, período que terminará quando Cristo arrebatar a Igreja, sua Noiva.
A Igreja ainda não existia durante as primeiras 69 semanas-ano (de 444 a.C. até 33 d.C.), e também não estará presente na Terra quando Deus voltar a tratar com Israel durante a última semana-ano, no tempo da Tribulação. O cronômetro profético de Deus em relação a Israel voltará a ser acionado após o arrebatamento da Igreja. O Anticristo se manifestará e, imediatamente, firmará uma aliança com Israel e seus vizinhos (Dn 9.27).
Como crente em Jesus Cristo, vendo pelas Escrituras que as 69 semanas se cumpriram literalmente, tenho certeza que a septuagésima semana também se cumprirá da mesma forma. Por convicção pessoal, o que propago há anos, é que acredito que farei parte da geração viva por ocasião do arrebatamento, conforme o que está escrito em 1 Ts 4.16-17: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.
Depois nós, os que ficarmos vivos (estou aqui), seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”. Maranata!
O PALCO PARA MONTAGEM DE CENÁRIOS
O mundo é o palco aonde as profecias bíblicas se cumprem na história humana, e o cenário atual parece apontar, com grande probabilidade, para o isolamento final e total de Israel, como nação, diante do esgotamento das possibilidades de um processo de paz. Enquanto o mundo olha incrédulo para as grandes potências que manipulam decisões de paz no Conselho de Segurança da ONU, sem se importar com as mortes, eu fecho os olhos e imagino os últimos momentos da Igreja de Cristo aqui na terra.
Sim, eu concordo que pode parecer absurdo para alguns, mas acredito que o sanguinário Hamas, pode ser um instrumento nas mãos de Deus, como ator coadjuvante, preparando o caminho para aquele que virá após o arrebatamento da Igreja, para firmar uma aliança de paz com Israel, ocasião em que ocorrerá o maior de todos os enganos para a nação. O Israel com quem Deus tratará é aquele que na tribulação é perseguido e expulso de Jerusalém para que se cumpra “o tempo da angústia para Jacó” (Jr 30.7), que se encaixa exatamente nos últimos três anos e meio dos sete anos da 70ª semana da profecia de Daniel. A primeira metade da Tribulação é denominada “princípio das dores”. O Israel que receberá a paz pela qual somos estimulados a orar, será aquele do Milênio.
AGORA, UMA DOSE DE ESPECULAÇÃO
Quanto ao que me toca atualmente, não por convicção, mas por mera especulação, fico de olho na Turquia, nação que se estende do Leste da Europa ao Oeste da Ásia, como um elo de ligação entre os dois continentes. A Turquia tem conexão histórica com os antigos impérios grego, persa, romano, bizantino e otomano. Vale a pena prestar atenção nesse país, e nas peculiaridades que seus governantes têm de fazer alianças difíceis, qualidade de suma importância nesses dias de crescentes rivalidades entre as nações. Lembrando sempre que o isolamento total de Israel propiciará ocasião oportuna para que o anticristo ofereça a saída estratégica firmando com ele e com os povos, uma aliança de paz (Dn 9.27).
Do meu ponto de vista, a Turquia é a nação mais adequada para dar ao mundo aquele que terá papel central na 70ª semana de Daniel - o anticristo, a Besta que sai do Mar (Ap 13.1-10), um líder político que, nas palavras do profeta Daniel (11.37) despreza o Deus de seus pais, é sem afeição por mulher, além de ser um conspirador (negociador mau-caráter). Em todas as épocas aposta-se em alguns nomes em evidência, pois geralmente há aqueles cujas qualificações preenchem todos os pré-requisitos bíblicos. Estou apostando em alguém que venha da Turquia.
UMA EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA
A nação de Israel, não está no plano de Deus na Dispensação da Graça. Do Pentecostes até o Arrebatamento, Deus trata com a Igreja. Deus suspendeu seu trato com Israel, que está cego e endurecido espiritualmente, além de enciumado em relação à Igreja. Não se trata de rejeição e nem de substituição, pois no tempo profético correto, a partir do Arrebatamento da Igreja, haverá a continuação do plano eterno, através da 70ª Semana de Daniel. Israel voltará a ser o instrumento de Deus entre as nações, começando pelo sofrimento da Tribulação.
No presente momento, a nação de Israel age como os povos incrédulos e nós corremos o risco de cometer erros graves devido à má compreensão das profecias bíblicas. Podemos até prejudicar mais ainda Israel, contribuindo para o seu total isolamento nesses dias próximos ao “último tempo da íra ... tempo determinado do fim” (Dn 8.19).
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