Esses são alguns dos sinônimos utilizados em nossa língua portuguesa que podem muito bem substituir a palavra inércia: Imobilismo; imobilidade; letargia; inatividade; inação; fixidez; estagnação; estacionamento; torpor; preguiça; abulia; batimento; marasmo; desídia; desânimo; ociosidade; prostração; indolência; insensibilidade; impassibilidade; frieza; apatia; indiferença; desinteresse.
“Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres”. (João 21.15-18)
Neste texto, encontramos Jesus confrontando Pedro. Por três vezes seguidas Jesus pergunta se Pedro o amava. Interessante é notar que aqui o sentido do amor se traduz em dois aspectos bem específicos: apascentar e pastorear.
O primeiro termo, “apascentar”, tem a ver com o alimentar, enquanto que, o segundo termo, “pastorear”, tem a ver com o cuidar.
Tais aspectossempre foram bem presentes na vida de um pastor de ovelhas, haja vista que estava sob sua responsabilidade o pastoreio que pode ser compreendido como o cuidado contra o ataque de predadores; a busca em razão da desorientação; o tratamento das enfermidades próprias do animal ou mesmo das feridas oriundas de ataques; e, a condução das mesmas para o aprisco. Já o apascentamento, outra responsabilidade do pastor, diz respeito a busca dos melhores pastos para as alimentar; das águas tranquilas para que pudessem matar sua sede; e, de lugares de sombra para o descanso. Isso me fala das responsabilidades que devemos ter como pastor, não somente no pastorear, mas de igual forma no apascentar, pois tais atos não podem se resumir ao uso exclusivo do púlpito para a exposição da palavra através da pregação e do ensino, sem nenhum esforço voltado para o bem estar daqueles que estão sendo pastoreados.
Outro fato que me chama a atenção nesse texto é a advertência que Jesus faz a Pedro e que diz respeito ao aproveitamento do tempo, o que está intrinsicamente e diretamente ligado com a primeira parte, pois o que Jesus está dizendo é que devemos exercer o pastoreio (apascentar e pastorear), que devemos ser úteis e fazer o que nos está proposto enquanto temos o vigor necessário, lembrando-nos que sim, com certeza chegará o dia em que as nossas forças já não serão mais as mesmas e que nem mesmo conseguiremos andar sozinhos para onde quisermos ir, necessitando ser conduzido por outros pra lá e pra cá.
Trata-se, portanto, de uma advertência que deve servir como parâmetro para todo cristão e que não tem tido a observância necessária que esse perigo, o da inércia, representa, em razão de que os nossos corpos vão se debilitando ao longo dos anos e sim, chegará um dia em que não teremos mais o mesmo vigor de caminharmos e quanto ao que diz respeito ao serviço ao SENHOR, só nos restará lamentarmos por não termos realizado o que poderíamos enquanto podíamos.
Tal advertência com relação ao tempo já havia sido dada também pelo sábio Salomão:
“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer; antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas do esplendor da tua vida, e tornem a vir as nuvens depois do aguaceiro; no dia em que tremerem os guardas da casa, os teus braços, e se curvarem os homens outrora fortes, as tuas pernas, e cessarem os teus moedores da boca, por já serem poucos, e se escurecerem os teus olhos nas janelas; e os teus lábios, quais portas da rua, se fecharem; no dia em que não puderes falar em alta voz, te levantares à voz das aves, e todas as harmonias, filhas da música, te diminuírem; como também quando temeres o que é alto, e te espantares no caminho, e te embranqueceres, como floresce a amendoeira, e o gafanhoto te for um peso, e te perecer o apetite; porque vais à casa eterna, e os pranteadores andem rodeando pela praça; antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu. Vaidade de vaidade, diz o Pregador, tudo é vaidade”. (Eclesiastes 12.1-8).
Entretanto, não é de se espantar o descaso que a maioria dos cristãos tem dado a tais advertências. Temos vivido dias em que a cultura do “igrejar” tem sido cada vez mais fortalecida e tem sido criadas tantas alternativas e formas de conhecimento que estamos vendo apenas uma geração focada na aprendizagem tornando-se teóricos de um cristianismo sem vivência, de um evangelho por conveniência, sem frutos resultantes dos atos de boas obras que glorifiquem a Deus, em detrimento do “trabalhar”, pois Jesus nos adverte em outro momento que deveríamos orar para que o SENHOR da seara mandasse trabalhadores e não igrejeiros. Veja Mateus 9.37 e 38:
“E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.”
Tais fatos nos fazem cada vez mais acreditar que a pergunta do SENHOR: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Respondida tão prontamente por Isaías: “Eis-me aqui, envia-me a mim.” A cada dia que passa tem encontrado menos eco na vida dos cristãos do nosso tempo.
E, quanto ao não aproveitamento do tempo de forma útil no trabalho do SENHOR, o apóstolo Paulo já advertia o jovem Timóteo: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.” (2 Timóteo 3.1-5)
E é assim que a inércia tem sido cada vez mais presente em grande parte dessa geração que prefere se tornar “igrejeiros” ou “crentes bancários”, reféns do conhecimento, presos às teorias do faz de conta, preocupados tão somente com o seu bem estar e com o estar bem, alheios à causa das viúvas, dos órfãos, dos pobres e dos estrangeiros.
Portanto, caso você se encontre nessa situação de inércia, cabe aqui as palavras de Paulo: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará.” (Efésios 5.14). Nunca é tarde para um despertar de consciência e de se colocar em prática todo o conhecimento adquirido e acumulado, juntando-se a isso a disposição para dizer a Jesus que o ama e que por isso está pronto a servi-lo, apascentando e pastoreando as Suas ovelhas, ou seja, um verdadeiro eis-me aqui, usa-me a mim.
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