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Foto do escritorEdição JA

“Liberdade de expressão”

Sob a tutela da Constituição brasileira de 1988, temos em nosso país, a garantia da liberdade de expressão. Há, no entanto, os limites impostos pelo ordenamento jurídico a essa liberdade. Todo cidadão pode expressar-se livremente em todas as áreas, observando e respeitando os limites impostos pela lei para não ficar sujeito às suas penalidades. O limite da liberdade de cada indivíduo é o direito do seu semelhante. Não podemos, com a nossa liberdade, interferir no direito do outro.

A liberdade de expressão pode não ter o mesmo significado filosófico ou religioso do livre arbítrio, mas, na prática, as pessoas identificam como sendo a mesma coisa. As nossas escolhas, para o bem ou para o mal, tanto no uso do livre arbítrio, quanto na liberdade de expressão, trarão consequências.

O dilema da liberdade na atualidade, em todas as áreas da vida humana, é que estamos vivendo um momento em que há um poder real que se utiliza da engenharia social, com todos os recursos tecnológicos possíveis, para controlar as pessoas. A privacidade se torna cada vez menor, porque as pessoas acreditam na possibilidade de haver maior segurança coletiva se todos abrirem mão da privacidade. Diante dessa nova realidade, somos inseridos em um mundo distópico no qual a liberdade passa, ironicamente, pela perda da privacidade. Sem privacidade, o que resta para expressar?

Em 1999, a Actual Edições, editora da missão Chamada da Meia Noite no Brasil, publicou o livro de Arno Froese, “Como a democracia elegerá o anticristo”. Tenho a obra autografada pelo autor que, à época esteve aqui no Brasil.  Essa publicação, do meu ponto de vista, foi o prelúdio para o século 21, apontando os rumos que o mundo estava tomando escatologicamente, na reta final do sistema que a Bíblia denomina “mistério da injustiça” (2 Ts 2.7 ARC).

A expectativa de todos os povos, sempre foi de viver em uma sociedade livre. Desde a Grécia antiga, com seus múltiplos deuses, os filósofos proclamam a democracia como o sistema ideal para que a liberdade esteja definitivamente na ordem do dia. Desde o término da guerra fria, com o final da cortina de ferro, a queda do muro de Berlim, a Perestroika e a Glasnost, que o discurso da democratização do planeta se tornou tema mundial. A Rússia, depois do desmanche da URSS se democratizou. A Alemanha sem o muro, favoreceu a união da Europa. O crescimento da China com seu “Capitalismo de Estado” chama a atenção do mundo pela pujança do seu desenvolvimento que faz exacerbar a guerra comercial com os EUA. As nações começam a enxergar como a energia econômica estatal do governo chinês beneficia as empresas privadas do país. O governo controla todos os setores estratégicos da nação, impedindo que empresas e governos estrangeiros coloquem em risco a soberania e a segurança nacional.

No prefácio do livro de Arno Froese, o canadense Peter Lalonde diz: “Democracia! Não há dúvida de que este é o maior sistema de governo que já foi inventado pela humanidade. E hoje, algo notório está acontecendo. Em vez do comunismo estar varrendo o Ocidente, como há muito se temia, a democracia é que tomou conta do Oriente. Será esse o início de um grande renascimento da civilização moderna, ou será apenas o preparo para o surgimento do Anticristo? No mundo de hoje, tão dominado por imagens poderosas da mídia, por campanhas publicitárias esmeradamente preparadas, e pelo decrescente interesse nas coisas que realmente importam às nossas nações e ao nosso planeta, talvez seja a democracia – tida como uma escolha bem pensada do povo – quem tem diante de si um desafio sem precedentes”.

Aqui entra um detalhe importante que o livro de Froese evidencia e que Lalonde realça citando a resposta de Jesus aos seus discípulos quando lhe perguntaram como seria a vinda do Filho do homem. Às portas da dispensação na qual vivemos ainda hoje, Jesus disse: “porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em Noé entrou na arca” (Mateus 24.38).

A colocação de Jesus impressiona, porque contrasta com o pensamento cristão predominante em nossos dias. Ao exemplificar o tempo final da Igreja com o que ocorria nos dias de Noé, anteriormente ao dilúvio, destacando a normalidade dos acontecimentos corriqueiros do dia a dia, tais como comer, beber, casar, comprar, vender, planejar, construir, Jesus reforça a ideia de que a sua segunda vinda, começa com o arrebatamento e termina com a Sua revelação ao final dos sete anos de tribulação.

O alerta está nas suas palavras em Mt 24. 39: “E não o perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos...”. Essa é a razão porque creio que a democracia será a forma de governo que colocará o anticristo no poder. A tese de uma globalização com destaque para o multilateralismo com o fortalecimento das nações, contraria a tese inicial de um governo mundial centralizador e opressor durante a dispensação da Graça. Essa centralização e opressão só acontecerá com a nação de Israel, depois que a Igreja sair de cena através do arrebatamento e o anticristo for empoderado. Nos primeiros três anos e meio, ele conseguirá atrair todos para si, aproveitando ainda da democracia e, exatamente no meio dos sete anos, dará o golpe e estabelecerá a maior ditadura jamais vista no planeta.

É, irônico, mas vai se concretizando a contraditória “ditadura da democracia” que se encaixa perfeitamente com a normalidade que havia antes do dilúvio. A economia e o comércio multilateral que unirá o mundo respeitando-se a soberania de cada nação, será a mesma arma usada pelo anticristo para dar o golpe e estabelecer o controle total supranacional conforme Apocalipse 13.17.

Com um mínimo de percepção geopolítica percebe-se que a liberdade de pensamento nem sempre poderá ser traduzida em liberdade de expressão pelo fato de estarmos sendo enredados por um sistema de leis, aprovadas democraticamente em todas as nações, formando uma rede que aprisiona a todos através de direitos, deveres e censuras institucionalizadas e amarradas às redes sociais devidamente controladas pelo poder econômico supranacional. Os nossos censores serão os nossos iguais, pois cada um desempenhará o papel de polícia do pensamento e da expressão. Não será um todo-poderoso estado totalitário, mas a sociedade democrática na qual cada um se torna vigilante do outro.

Para encerrar, repito aqui o que disse no início: vivemos o tempo em que o poder real se apoderou da engenharia social, com todos os recursos tecnológicos possíveis, para controlar as pessoas pelas próprias pessoas, sem a menor privacidade. Essa é, de forma resumida, a ironia desse mundo distópico no qual prevalece a normalidade com as pessoas comendo, bebendo, casando, comprando, vendendo, planejando, construindo…, mas nada percebendo, até que…!

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