Missões na era da Inteligência Artificial
Será que podemos lançar mão da Inteligência Artificial (IA) para fazer missões? A quase onipresença da IA na vida moderna, nos leva a essa pergunta que suscita debates para os quais, a maioria de nós, ainda não se sente devidamente habilitados. O que sabemos é que a tecnologia da comunicação extrapola tudo que até hoje conhecemos e, para quem vive missões, o debate é inevitável.
As ferramentas da IA são, de fato, um programa de computador capaz de processar informações buscando soluções para tarefas complexas e trabalhosas, principalmente as burocráticas. O que nos assusta é saber que até o esboço de um sermão expositivo pode ser preparado pela IA.
Recentemente muitos viram o que Jonas Simmerlein, um teólogo e filósofo da Universidade de Viena fez na Alemanha. Apenas supervisionando, ele realizou um culto cem por cento através da IA utilizando como ferramenta o ChatGPT. Quatro personagens virtuais (avatares) se dirigiram a mais de 300 pessoas que estavam no auditório, dirigindo cânticos, orações e o sermão.
Voltando à pergunta inicial: Será que podemos lançar mão da Inteligência Artificial (IA) para fazer missões? Quero aqui apenas lançar alguns desafios para nossa reflexão, visando possíveis benefícios e, ao mesmo tempo, tecendo considerações éticas.
Sabemos o que devemos fazer, como igreja, em relação à nossa missão de propagar a mensagem do Evangelho, como também sabemos que a mensagem é intocável, mas as estratégias são dinâmicas e apropriadas a cada geração (At 13.36). Com a crescente presença da tecnologia e o potencial da IA, surgem novas oportunidades para a obra missionária e cabe a cada um de nós decidir como agir.
Para as missões transculturais, a IA tem um papel crucial na superação de barreiras linguísticas e culturais, permitindo a tradução em tempo real de sermões e matérias evangelísticas, além da produção de textos. Também a coleta e análise de dados tem na IA uma forte aliada, permitindo abordagens mais eficazes e direcionadas.
Através de chatbots e assistentes virtuais a IA pode fornecer orientação e aconselhamento pastoral básico, atendendo às necessidades espirituais de pessoas em áreas remotas ou com acesso limitado a líderes cristãos evangélicos.
Quanto aos benefícios gerais proporcionados pela IA ao trabalho missionário, entendemos que é real a possibilidade de maior alcance, eficiência e impacto, permitindo, inclusive, a personalização das mensagens e abordagens, facilitando a colaboração global e ajudando a identificar áreas de necessidade não atendidas.
Claro que o uso da IA também apresenta desafios éticos e práticos, como as questões relacionadas à privacidade, confidencialidade e segurança dos dados, que devem ser consideradas. Além do mais, sabemos que a IA não pode substituir a interação humana e o aspecto relacional das missões.
Ainda em relação às considerações éticas, ao aplicar a IA nas missões evangélicas, é essencial garantir a transparência na coleta e uso de dados, proteger a privacidade dos usuários, evitar visões algorítmicas e garantir que tudo esteja em conformidade com os princípios e valores cristãos.
Além do ChatGPT existem outras IAs projetadas para trazer soluções que auxiliam o dia a dia. Aqui no Brasil temos a Clarice AI, que é uma Inteligência Artificial nacional que atua de forma eficaz na revisão de textos. Também para quem usa, profissionalmente, o site de criação de artes, Canva, há uma IA chamada Text to Image onde você descreve uma cena e ela transforma em imagem, sem esbarrar em direitos autorais, pois trabalha com imagens gratuitas em banco de imagens. A Microsoft anunciou que o Bing, um site de buscas, já disponibilizou uma IA oferecendo a fonte da informação oferecida, com um diferencial em relação ao ChatGPT.
A inteligência artificial oferece um potencial significativo para fortalecer e expandir as atividades missionárias das organizações evangélicas. No entanto, seu uso deve ser guiado por considerações éticas e cuidados práticos para garantir que ela seja aplicada de maneira responsável e em consonância com os princípios cristãos.
São os novos tempos. Nosso tempo!