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Missões resulta de avivamento, ou avivamento resulta de missões?

Foto do escritor: Carlos MoraesCarlos Moraes

“Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos; fazei que ela seja conhecida no meio dos anos” Hc. 3.2


Estão sempre na minha memória as aulas de História da Expansão da Igreja ministradas em 1988 pelo professor Dr. Francisco Leonardo Schalkwijk no Centro Evangélico de Missões (CEM), em Viçosa MG. Um tempo memorável aqueles encontros da primeira turma de pastores participantes do Curso de Especialização em Missiologia. Professor Francisco lecionava história, vivendo-a. Suas narrativas, naquele tom de voz compassadamente, descortinavam episódios, nomes e datas com uma facilidade impressionante. Suas aulas nos faziam viajar, como em uma máquina do tempo, a épocas memoráveis do povo de Deus.


Marcou-me para não mais esquecer, em uma das aulas, a pergunta feita a ele por um dos colegas de classe: “Professor Francisco, a Igreja cresce mais em meio às perseguições? Pela história, é o que nos parece…”. Ele fez uma pausa, olhando de soslaio, como parecia fazer sempre que refletia, e respondeu: “Meu filho, a Igreja de Cristo cresce mais quando é perseguida e é perseguida quando cresce mais”. Diante da resposta, alguns de nós rimos, e aquele riso pareceu fora de contexto diante da seriedade do assunto. Mas foi o tom como ele respondeu que provocou o riso, pois à época, veiculava uma propaganda dos biscoitos Tostines que usava como bordão, uma interrogação: “Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais? ”. O tom da resposta soara como um trocadilho daquele comercial de TV e, por isso os risos. No final, todos riram, depois da elucidação do riso inicial.


A pergunta aqui levantada sobre missões, é semelhante àquela acerca da perseguição à Igreja feita ao professor Francisco sobre o crescimento da Igreja. Missões resulta de avivamento, ou avivamento resulta de missões? Eu creio que podemos responder da mesma forma, pois, historicamente, Missões resulta de avivamento, e avivamento resulta em missões.


Um exemplo marcante que mostra avivamento resultando de missões, é a história de William Carey, o Pai das Missões Modernas, em 1792. Carey enxergou a necessidade de fazer missões em uma época de completa apatia em relação à grande comissão e teve que enfrentar forte oposição para fazer o que a Bíblia ordenava, frente à resistência dos próprios comissionados. Foi em frente, e o resultado foi um avivamento que jamais será esquecido com o despertar de missões na Inglaterra e as bênçãos na Índia. O despertamento de missões nascido ali mudou a história, e fez Carey se tornar o “Pai das Missões Modernas”.


Por outro lado, o exemplo dos morávios e o Conde Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf começou na outra ponta, com o avivamento levando a missões. Em 1722 um grupo de refugiados cristãos da Morávia encontrou refúgio na propriedade do Conde Zinzendorf na Saxônia, Alemanha. Piedoso que era, e temente ao Senhor, Zinzendorf comoveu-se com a situação daqueles cristãos e se dispôs a ajudá-los. Formou a comunidade de Herrnhut (Guardado em segurança pelo Senhor) que se tornou o asilo seguro para muitos refugiados cristãos.


Como aqueles cristãos perseguidos tinham origens diferentes, acabaram tendo conflitos devido às questões doutrinárias e eclesiológicas em Herrnhut. Zinzendorf interveio e elaborou um pacto em que todos os que viviam em Herrnhut teriam de se comprometer com a unidade cristã. Todos assinaram um acordo, e acabaram-se as disputas sectárias e a atmosfera mudou radicalmente, gerando um ambiente de comunhão, adoração, oração e consagração de vida.


Pouco depois, no dia 13 de agosto de1727, durante uma reunião de toda a comunidade em Herrnhut, aconteceu um inconfundível avivamento. E foi desse avivamento que nasceu uma visão missionária tão abrangente que todos os continentes receberam missionários oriundos daqueles irmãos.


Podemos, sim, com toda segurança, dizer que missões pode resultar de avivamento, tanto quanto avivamento resultar de missões. Tanto um, quanto o outro, dependem da ação do Senhor naqueles que atendem o apelo do Espírito no coração.


Em comum, no caso e William Carey e do Conde Zinzendorf, temos o conflito interno entre o povo de Deus, antes do despertar para missões. No caso de Carey, havia o paradoxo que o levou a confrontar os pastores e convencê-los de que era necessário fazer missões. Eles não enxergavam o óbvio da grande comissão. No caso de Zinzendorf, o conflito impedia a comunhão e adoração – o culto genuíno a Deus. Sendo solucionado, veio o despertar da visão missionária.


Qual é o nosso problema hoje? Será que a Bíblia ainda é um livro de missões? Será que a missão da Igreja no mundo continua sendo missões? Se pudermos responder afirmativamente a estas duas simples questões, certamente nos restará descobrir o que está nos impedindo de avançar na obra missionária de levar a mensagem da salvação às multidões de perdidos.








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