O calvinismo corre atrás dos eleitos
- Rômulo Ribeiro
- 5 de fev. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de jul. de 2023
Eu concordo com pelo menos 95% de tudo que o calvinista americano John MacArthur escreve e fala, mas o cinco por cento de diferença me impediria de trabalhar ao lado dele, pois se trata de ortodoxia muito relevante para a condução da Grande Comissão de Cristo. No passado, a minha alma mater o considerava um neoevangélico que se aliava com denominações protestantes sem compromisso com os fundamentos da fé. Hoje, os seus livros enchem as prateleiras da livraria e das salas de aula daquele seminário. Em geral, as escolas de teologia estão formando promotores de “calvinismo”, nome este que eles próprios consideram pejorativo e preferem ser chamados de “reformados”. Mas quem conhece a história da Igreja reconhece que a Reforma Protestante nada teve a ver com as doutrinas calvinistas e que as 95 teses de Martinho Lutero não estavam tentando transformar o Papa em um João Calvino que, naquela época, ainda era uma criança de apenas oito anos de idade. Portanto, o termo “calvinista” ainda é a melhor descrição para este grupo de irmãos que insiste em pregar a eleição ao invés da salvação; o fatalismo ao invés do Evangelho.
O que eu quero dizer com o título, “O Calvinismo Corre Atrás dos Eleitos”? Este movimento tem crescido através do proselitismo evangélico. Ou seja, através dos membros que foram salvos e alcançados por outras igrejas bíblicas. Alguns calvinistas pregam o Evangelho e ganham almas, mas são a exceção, pois o dogma mais forte de suas doutrinas é a Eleição Incondicional que ensina que os salvos já foram escolhidos antes da fundação do mundo. Evangelizar para quê? Alguns deles responderiam: “Porque Jesus Cristo assim ordenou e porque não sabemos quem são os escolhidos”. Esta reposta é um insulto à inteligência humana sem mencionar à inteligência divina. Por se tratar de uma filosofia altamente intelectual, as explicações de João Calvino para algumas complexidades da vida atraem a mente dos nossos jovens em formação. Como explicar de forma satisfatória a situação de uma criança que nasceu e cresceu em um lar verdadeiramente cristão, mas na adolescência ou idade adulta optou pelo pecado? Com certeza, ela não foi escolhida por Deus e, por isso, não perseverou até o fim, diria um calvinista. Mas há outras perguntas tão complexas quanto esta que ficam sem resposta, como, por exemplo, para onde vai a alma de um bebezinho que não foi escolhido para a salvação? Os calvinistas precisam fazer um malabarismo para responder esta daí.
A minha intenção não é caçoar de nossos irmãos presbiterianos ou “presbiteriados” (neologismo meu), pois além de muito inteligentes, são verdadeiros estudiosos do assunto que defendem. Mas, com certeza, nenhum deles se tornou calvinista lendo somente a Palavra de Deus; precisaram das explicações e influência de John MacArthur, John Piper, Tim Keller, além de outros nomes nacionais e estrangeiros. No Brasil, há escolas e editoras que promovem encontros anuais – não de evangelismo – mas de calvinismo para granjear o maior número possível de adeptos. Muitos desses jovens seminaristas retornam para as suas igrejas para causar uma revolução doutrinária ou uma divisão eclesiástica, pois voltam cheios de conhecimento novo que os líderes de suas igrejas foram incapazes de adquirir. Não lhes ocorre que, na verdade, seus pastores sabem muito mais que eles e, por isso mesmo, rejeitaram a heresia calvinista há muito tempo. Há pouco mais de 20 anos, o calvinismo era só mais uma posição dentro da soteriologia que coexistia pacificamente com a posição do livre arbítrio, mas a partir do momento que esta ala protestante resolveu crescer à custa do evangelismo alheio, passou a ser uma seita exclusivista e sectária, pois só eles estão corretos e não suportam a ignorância do outro lado.
Estamos perdendo terreno para este movimento de pseudointelectuais dentro do movimento evangélico, pois a maioria de nossa literatura advém dos papas da teologia calvinista, mas não precisamos temê-los, pois temos do nosso lado a simplicidade e a veracidade do Evangelho: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Não perca tempo debatendo com os calvinistas, mas, assim como Davi tirou a ovelha dele da boca de um leão e de um urso, se prepare devidamente para livrar os seus jovens mais talentosos das garras do proselitismo calvinista. Além da Bíblia, faça questão de ler e estudar esses dois livros na língua portuguesa: “Que amor é este? ”, de Dave Hunt e “A Fé dos eleitos de Deus” de John F. Parkinson. Proteja a sua igreja e o evangelismo deste movimento fatalista. E se você encontrar um calvinista na rua, pergunte: “Por que Deus parou de escolher os europeus para a salvação, pois menos de 2% daquele continente (berço do calvinismo) pratica a fé cristã nos dias de hoje”? Acima de tudo, nunca duvide de João 3.16.
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