Nasci num lar católico e por isso, sempre estava assistindo e ajudando nas missas realizadas na capela do meu bairro. No início dos anos 90, nossa família enfrentou a perda do meu avô materno. Pouco antes de partir, o Senhor o resgatou como filho. Mesmo assim, a família sofreu o abalo da perda. O luto familiar foi o momento usado pelo Diabo para reforçar ainda mais o engano espiritual de cada parente.

Família Vieira
Foi apresentada a uma tia, a doutrina de uma seita com preceitos xintoístas chamada Perfect Liberty (PL). O vazio interior e o desejo natural do homem de afastar-se de Deus fizeram todos os meus parentes se filiarem à PL. Durante três anos, passei a frequentar estes ensinamentos.
Paralelo a isso, uma prima convertida ao Senhor Jesus decidiu reunir as crianças do meu bairro e compartilhar o Evangelho através de histórias bíblicas, cânticos e memorização das Escrituras. Assistindo semanalmente estas reuniões, o Senhor foi me confrontando. E aos poucos, ficava mais nítida minha condição de pecador, a necessidade de arrependimento e confiar em Jesus como meu Salvador. E assim, em março de 1996, o Senhor me alcançou, fazendo-me seu filho. Minha prima foi chamada pelo Senhor para ser missionária entre os índios. E a partir daí as reuniões com as crianças eram comandadas por mim. Era uma criança ensinando a Bíblia a várias crianças.
Depois de um tempo, nossa igreja mãe resolveu enviar uma equipe de jovens para ajudar este trabalho. Com o tempo, o trabalho foi se solidificando e o envolvimento com a igreja mãe aumentando. Na adolescência, além de ajudar na congregação do meu bairro com as crianças, na igreja sede era responsável no Departamento de missões de receber notícias e compartilhar com a igreja. Me correspondendo com missionários e pastores, envolvido com a obra de Deus, o Senhor foi me mostrando a necessidade dos campos. Durante este período, a PL iniciou mais dois campos de expansão, um em Maracanaú (cidade de nossa igreja mãe) e outra no meu bairro em Fortaleza. As reuniões eram realizadas na casa de minha avó. Como ela era viúva, dava uma assistência a ela e diariamente, acordava com a seita fazendo suas reuniões. Os cânticos entoados pelos membros eram traduzidos em meus ouvidos por um grito de desespero e um pedido de socorro de parentes e amigos. Fugia para o quintal, decidido a ler as Escrituras e orar.
Numa daquelas manhãs, o Senhor me confrontou com este pensamento: Se esta seita tem crescido aqui numa terra de tradição católica, como serão no país que a originou? Este pensamento me fez pesquisar mais sobre o Japão e suas crenças. Assistindo os cultos de missões, a Palavra de Deus me confrontava e resolvi entregar minha vida ao Senhor para trabalhar na sua obra. A congregação tornou se igreja com um pastor local. Ele trabalhou em minha vida e me enviou ao seminário bíblico. Casei com Ana Lídia e juntos, servimos ao Senhor na igreja.
Com o trabalho voluntário de minha esposa na secretaria do seminário, consegui pagar os estudos. Nos graduamos em Teologia. Vieram outras bênçãos nessa área de formação: O Senhor me deu a oportunidade de cursar pedagogia, especialista em gestão educacional. Eu e minha esposa estudamos na APEC e realizamos muitas EBFs, classes de cinco dias, clubes bíblicos, acampamentos e treinamentos para professores da EBD. Também fui muito experimentado em escolas públicas e privadas no Ceará. Tive o privilégio de ajudar na formação de professores durante três anos da cidade de Maracanaú. Neste ano, o Senhor me ajudou a concluir o mestrado em Teologia.
Naquele mesmo período, fomos enviados para ajudar na congregação de nossa igreja, numa cidade próxima chamada Maranguape. Ainda no seminário, fomos incentivados pelos professores de missões a conhecer o campo japonês. Naquela época, eu e Lídia passamos um mês conhecendo o Japão e a realidade dos brasileiros ali. Esta viagem foi uma confirmação de que podíamos ajudar de alguma forma este campo missionário.
O Japão é um país com menos de 1% da população cristã. Os números de ateus e de suicídios crescem ao longo dos anos. Não possui perseguição religiosa por parte do governo. Eles possuem mais de 2 milhões de deuses domésticos. Retornando de lá, passamos alguns anos, ajudando os crentes da congregação no interior. Foi um tempo onde o Senhor nos treinou em vários aspectos da vida.
Porém, o Japão não saía de nossos corações. Em reuniões com a liderança da igreja, resolvemos entregar o trabalho de Maranguape e levantar o sustento necessário para servir no Japão integralmente. Percorremos várias igrejas em muitas cidades e alguns Estados. Ainda não alcançamos o mínimo suficiente para nos manter ali. Mas cremos que o Senhor é fiel para nos sustentar.
Nosso vôo para o Japão está marcado para dia sete de setembro. Inicialmente, vamos ajudar na Igreja Batista Bíblica Megumi em Oizumi, Estado de Guma – Japão. É uma cidade com muitos brasileiros. Vamos ajudar estes irmãos, visando implantar novos trabalhos em alguma das 637 cidades japonesas sem nenhuma igreja conservadora.
Pr. Rafael Vieira
Comments