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Que todos possamos ser Jesus

Foto do escritor: Paulo ArrudaPaulo Arruda

Era uma vez, numa pequena cidade cheia de movimento e correria, onde o som de ônibus chegando e partindo ecoava incessantemente pela rodoviária local. Em meio àquele caos diário, havia uma garotinha de olhos brilhantes e cabelos desgrenhados, que passava horas naquele lugar vendendo maçãs. Apesar de sua pouca idade, ela era madura para entender que sua contribuição, por menor que fosse, ajudava a colocar comida na mesa de sua família.


As maçãs, vermelhas e reluzentes, repousavam dentro de uma bacia de alumínio bem desgastada, que ela mantinha sobre uma velha caixa de madeira. Ela as organizava com cuidado todas as manhãs, limpando cada uma com um pedaço de pano. Seu sorriso tímido era sua forma de atrair os clientes que passavam apressados. "Maçãs fresquinhas, senhor? Só um trocado!" Ela dizia com sua voz doce, mas firme.

 

Certo dia, quando o sol já começava a se esconder atrás das montanhas, a rodoviária estava especialmente movimentada. Era a "hora do rush", quando trabalhadores cansados enchiam as calçadas e plataformas, apressados para pegar seus ônibus e voltar para casa. A garotinha estava ali, com sua bacia equilibrada na velha caixa, tentando vender as últimas maçãs do dia.

 

De repente, no meio da confusão, um homem apressado tropeçou na caixa. A bacia tombou, e as maçãs, como pequenas bolas vivas, começaram a rolar por todos os lados. Era como se o mundo tivesse parado para a garotinha. Ela olhava, desesperada, as maçãs sendo pisoteadas por pés desatentos, outras desaparecendo sob os bancos ou rolando para lugares onde ela jamais conseguiria alcançá-las.


Com os olhos cheios de lágrimas, ela se abaixou e começou a recolher as frutas. Mas as poucas que ainda estavam inteiras eram tão poucas que seu coração apertou. Para ela, aquilo não era apenas um acidente bobo; era o fim de um dia de trabalho, o esforço de horas perdido em instantes. Ela chorava silenciosamente, mas ninguém parecia notar. Todos passavam como se aquilo fosse apenas mais uma cena corriqueira.

Foi então que um homem, um pouco mais velho, talvez nos seus quarenta anos, parou ao lado dela. Ele era alto, com uma expressão calma e bondosa, que parecia desarmar qualquer tristeza. Ele se abaixou sem dizer uma palavra, recolheu a bacia amassada e começou a juntar as maçãs que ainda podiam ser salvas. Organizou-as cuidadosamente de volta na bacia, colocou-a novamente sobre a caixa e, finalmente, virou-se para a garotinha.

Ela ainda soluçava, tentando conter as lágrimas. O homem olhou para ela com olhos cheios de compaixão e perguntou gentilmente: "Menina, quanto foi o seu prejuízo?"

Ela hesitou, envergonhada, mas finalmente murmurou um valor com a voz entrecortada pelo choro. O homem não disse mais nada. Ele apenas enfiou a mão no bolso e tirou um maço de notas. Contou rapidamente e entregou-lhe muito mais do que o valor que ela havia dito. E lhe falou: "Não chore mais, meu bem. O seu prejuízo está pago. Agora fique tranquila."

A garotinha olhou para o dinheiro em suas mãos e depois para o rosto daquele homem. Ele já estava se virando para continuar seu caminho quando ela, movida por um impulso, segurou suavemente o braço dele. Com olhos ainda úmidos, mas agora iluminados por algo diferente, ela perguntou: "Moço... o senhor é Jesus?"


O homem parou, visivelmente tocado pela pergunta. Ele se ajoelhou para ficar à altura da menina, colocou uma mão no ombro dela e respondeu com um sorriso: "Não, minha pequena. Mas eu sou apenas um dos que tentam seguir os passos d’Ele."

Ela ficou olhando enquanto ele se afastava, sentindo no coração uma mistura de gratidão e paz que ela não sabia explicar. Naquele dia, ela não apenas teve seu prejuízo reparado, mas também aprendeu que, mesmo no meio da correria e da indiferença do mundo, ainda há bondade.

E por muitos anos, sempre que se lembrava daquele dia, a garotinha agora crescida contava a história do homem que ela achava ser Jesus, mas que, na verdade, era apenas alguém que carregava o amor de Cristo em suas ações.

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Essa história ou estória, eu ouvi, através de um homem triste e solitário, um indigente, numa praça da cidade de San Jose, na Costa Rica. Era o final do mês do mês de outubro do ano de 2008.

Se verdadeira ou não, eu só sei lhe dizer que esse relato trouxe luz à minha vida cristã e me fez repensar se o Cristianismo que eu cria eu vivia mesmo, se eu estava sendo Jesus para alguém.

Foi a partir desse momento que eu passei a entender que precisava ser Jesus, ou pelo menos tentar seguir os Seus passos e dar mais significado ao Cristianismo que professava. Daí nasceu o Ministério de Misericórdia, em novembro de 2008; e, posteriormente, o Instituto Transformando Vidas – ITV, em julho de 2012.

Pr. Paulo Arruda

(06/01/2025)


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