No Evangelho de Mateus, especificamente no capítulo 18, encontramos Jesus tratando de alguns aspectos que tratam de questões de relacionamentos, aos quais nós vamos relatar aqui especialmente de duas delas. A primeira trata-se de: Como tratar a um irmão culpado? A resposta para essa pergunta encontramos nos versículos 15 a 20 e é, por si só, autoexplicativa: “Se teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.”
A segunda, é uma pergunta formulada pelo Apóstolo Pedro: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” “Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. ”
Aqui trata-se mais apropriadamente da quebra de um paradigma, haja vista que o pensamento judaico era de se perdoar apenas 3 (Três) vezes o outro. Entretanto, apesar de Pedro tentar expandir esse número de 3 (Três) para 7 (Sete), como uma forma de querer demonstrar um pouco mais de misericórdia para com o próximo, Jesus extrapola todo o pensamento e cultura judaica e diz que não 7 (Sete), mas 70 (Setenta) vezes 7 (Sete). Com isso, na realidade Ele estava dizendo que devemos perdoar infinitamente, sempre que necessário.
Logo após Jesus trazer luz a essas duas questões, problemas de grande relevância para os judeus, como o são para nós de igual forma, a fim de que fosse fixada a sua mensagem e o seu ensinamento, Ele vai contar uma parábola, a do credor incompassivo. Nessa parábola, Jesus fala de alguns personagens: Um rei; servos e conservos. O rei vai prestar contas com os seus servos. Trazem à sua honrada presença um servo que lhe devia 10.000 (Dez mil) Talentos. Diante do rei o servo lhe declara que não tinha como pagar a sua dívida. Diante desse fato uma sentença foi exarada: Que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, a fim de que a dívida fosse sanada. O servo então prostra-se e roga por misericórdia, haja vista que o cumprimento daquela sentença seria terrível para ele e toda sua família. O rei então se compadece do servo, perdoa-lhe a dívida, que era de 10.000 (Dez mil) Talentos e, manda-o embora.
Entretanto, após tudo isso, esse servo encontra um conservo seu, alguém que lhe devia 100 denários.
Para entendermos as proporções, 1 (Um) Talento correspondia a 6.000 (Seis mil) Denários. Isso nos mostra que o valor devido pelo conservo era insignificante frente ao valor que o servo havia sido perdoado, ou seja: 10.000 (Dez mil) Talentos = 60.000.000 (Sessenta milhões) de Denários. Logo, 100 (Cem) Denários = 0,016 (Dezesseis milésimos) de Talentos.
“Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga. Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.”
Em suma, os ensinamentos de Jesus nos mostram, em ambos os casos, que, se seguidos à risca, os nossos relacionamentos com o nosso próximo demonstrarão uma clara evidência da forma como o SENHOR nos trata, pois, a obediência aos seus ensinamentos nos trarão sempre o benefício da Sua paz, graça e misericórdia. Contrário sensu, os nossos relacionamentos só irão de mal a pior, pois como diz o Profeta Jeremias, o nosso coração é enganoso e desesperadamente corrupto (Jr 19.9-10).
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