Seminário Bautista de Venezuela
- Edição JA
- 6 de mar. de 2022
- 4 min de leitura
Há aproximadamente 80 anos atrás chegaram em solo venezuelano os primeiros missionários estadunidenses para plantação de igrejas. Em 2008, devido a conflitos políticos com os EUA, o ex-Presidente venezuelano Hugo Chaves, ordenou a retirada de todos os cidadãos estadunidenses. Isso levou à falta de obreiros no país.
Neste ínterim, devido ao bloqueio imposto pelos EUA, a Venezuela passou a experimentar o início da crise econômica e não havia mais recursos para que os vocacionados não conseguissem mais sair do país para estudar.
Devido a esses acontecimentos e, não havendo seminários batistas de posição doutrinária fundamentalista na Venezuela, algo precisava ser feito.
Alguns irmãos estadunidenses tinham uma propriedade como base de apoio para os missionários da Missão Novas Tribos da Venezuela e, como tiveram que deixar o país, pensaram em vender o espaço, para não ficar para o governo. A venda da propriedade de doze hectares na cidade de San Félix, no Estado Bolívar, chegou ao conhecimento do Pr. Douglas Alves da Silva, que hoje está com o Senhor, e que, na época, era o pastor da Igreja Batista Regular Calvário, em Boa Vista RR. Como ele tinha planos para ajudar na evangelização dos países que fazem fronteira com o Estado de Roraima e, após uma visita ao local, o Pr. Douglas juntamente com o Pr. Neemias Costa dos Santos mais o missionário Ricardo Mafra negociaram a compra do terreno, com anuência da igreja. O objetivo da compra foi atender à necessidade de um local para a construção de um Seminário Batista Fundamentalista naquela região para preparar a próxima geração de obreiros daquele país.
Primeira Formatura
O primeiro casal de missionários a aceitar este desafio foi o Pr. Ricardo Mafra e sua esposa Rita, que chegaram ao país no final do ano de 2012. Naquele mesmo ano, durante o período de divulgação do casal Mafra na região nordeste, o Senhor despertou uma nova família de missionários brasileiros para este projeto, Pr. Fernando Lima e sua esposa Lany. Está nova família chegou à Venezuela em 2013, para passar um tempo conhecendo o campo, e após um período de adaptação. Em 2014 efetuou-se a reforma do antigo depósito da propriedade, que se transformou em um salão multiuso, e ali iniciou-se a primeira turma com 14 alunos, no sistema de aulas modulares.
Naquele mesmo ano, começaram as campanhas de construção do dormitório, iniciando com quatro casas para alunos casados e duas casas para solteiros. Foi elaborado um projeto para a construção destas casas junto às Igrejas e irmãos no Brasil. Ao todo, foram, nove casas para alunos casados, quatro casas para professores e três casas para alunos solteiros.
Segunda formatura
As aulas começaram em setembro de 2015 e em 2019 houve a formatura da primeira turma de sete alunos. Em janeiro de 2016, o casal de missionários Pr. Eliézer e Girlene Santos chegou para apoiar o Projeto Brasil-Venezuela, auxiliando na parte Administrativa/Financeira e como professores.
Situação atual
Uma das grandes dificuldades enfrentadas atualmente é a alta inflação e a grande recessão que está assolando a Venezuela. Com aumentos quase que diários de alimentos e de materiais de construção, os custos para as edificações das casas tiveram uma alta nos valores: uma casa para alunos casados fica em torno de R$ 45.000,00 e a de solteiros, em torno de R$ 35.000,00. Além do alto custo, os materiais de construção são difíceis de se achar para compra.
Mesmo assim, apesar das dificuldades, Deus enviou vários irmãos de igrejas do Nordeste do Brasil, através do MCG – Ministério Cristão Global, em outubro de 2015, os quais, com recursos próprios e doações de suas igrejas, deram início à construção do Centro Administrativo e das salas de aulas. Atualmente já são quatro salas de aulas construídas.
Na Venezuela, o ano letivo inicia no mês de setembro. Devido a Pandemia do COVID-19, foi necessário fechar o Seminário por um ano. No final de agosto de 2021, teve início o ano letivo com 13 alunos e, como as igrejas também estavam fechadas, não chegaram alunos novos para o primeiro ano. A perspectiva é receber seis novos alunos para o ano letivo, em setembro de 2022.
Com o agravamento da crise econômica na Venezuela o Seminário tem funcionado através de campanha para a manutenção de alunos, professores, cozinha e instalações. O Salário mínimo atual do país é de R$ 6,00 (seis reais) ao mês, mais um vale alimentação de R$ 6,00 (seis reais), totalizando assim R$ 12,00 reais mensais. Com esta situação, nem os alunos, nem as suas igrejas e muito menos suas famílias podem custear as despesas dos seus estudos no seminário. Por este motivo, até o final de 2021, cada aluno venezuelano recebeu uma bolsa de estudo no valor de R$ 250,00.
Devido à alta inflação local, os membros da diretoria, decidiram ajustar esta oferta para R$ 500,00, com a finalidade de amenizar as dificuldades que aqueles irmãos estão enfrentando. Uma vez que recebem este valor, os alunos pagam a sua mensalidade e utilizam o valor restante para as suas despesas pessoais e familiares.
Com este reajuste, a manutenção mensal gira em torno de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Para alcançar este valor, foi feito um ajustamento da Campanha de Manutenção do Seminário. A campanha buscou 250 irmãos e/ou igrejas que possam doar o valor de até R$ 100,00 (cem reais), mensais ou com o valor que Deus colocar no coração. O valor desta campanha é distribuído conforme as necessidades, respeitando esta ordem de prioridade: 60% para o sustento de alunos e professores; 20% custeia as despesas de refeitório e 20% é destinado para as construções e manutenções do Campus. Hoje, pela Graça de Deus, são aproximadamente 100 a 110 mantenedores.
O Seminário tem como Diretor Geral o Pr. Fernando Lima, como Administrador/Tesoureiro o Pr. Eliézer Santos (ambos brasileiros); como Diretor Acadêmico o Pr. John Morales e como Diretor Espiritual o Pr. Jorge Freites (ambos venezuelanos). Há, também, um Conselho Deliberativo que está sendo formado por pastores do Brasil e da Venezuela.
A grande maioria dos pastores venezuelanos trabalha secularmente para sustentar suas famílias.
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