As palavras são ferramentas que podem ser utilizadas para comunicação, informação, aprendizado e até queixas. Dependendo da intenção do usuário, essa ferramenta se torna uma arma de guerra ou um bálsamo sobre feridas. O mundo surgiu através das palavras, ou melhor, do Verbo Vivo; que pela Sua Palavra pode, igualmente, fazer tudo inexistir.
Em Língua Portuguesa há diversas classificações para os vocábulos, as quais, se desdobram em funções, classes, usos, expressões; nos permitindo ter possibilidades inesgotáveis de nos expressar carregando características pessoais permeadas da nossa individualidade e autenticidade.
Como comunicadora, sempre fui tentada a abusar do repertório vasto que a linguagem oferece, beirando mesmo à prolixidade. E eis que, impelida pelo Espírito Santo, fui meditar em I Pedro capítulo três.
A melhor (pior) parte do aprendizado é quando, confrontados com A Palavra, individualmente advertidos, chegamos à clareza do texto; se tornando assim inquestionável e inegociável a atitude, em reverência, de mudança de proceder.
O apóstolo Pedro em sua primeira carta adverte os cristãos dispersos a serem santos assim como o próprio Deus o é; que se submetam às autoridades e os aconselha ainda quanto às responsabilidades e papéis dentro do lar.
Para isso o exemplo a ser seguido é o Senhor Jesus e toda sua atitude de total submissão a tarefa que lhe havia sido confiada: a morte na cruz. Os últimos versículos do capítulo dois de I Pedro fazem referência a isso, então o capítulo três inicia com o advérbio de modo “‘semelhantemente’ vós mulheres (...)”. Dessa forma, o texto nos informa que o modelo ou a maneira com que devemos nos submeter é a mesma de Jesus: “O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente;” (I Pedro 2.23)
Na sequência do capítulo três, lemos nos versículos 3 e 4: “O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura dos vestidos; Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus.” (I Pe. 3.3-4).
Observamos que os versículos referidos estabelecem um contraste existente entre a aparência externa e a aparência interna (o coração). Esse é um contraste muito mais profundo do que lógico; em I Sm. 16.7 lemos: " (....) porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração." O versículo nos diz que os homens podem ver apenas o exterior, ou aquilo que queremos mostrar; mas Deus é Aquele que vê o que está no coração, aquilo que muitas vezes não queremos que ninguém veja.
Este desafio parece grande demais para ser alcançado: ser submissa. Entretanto, ao contrário do que sou levada costumeiramente a fazer, o texto bíblico me aconselha a calar, a influenciar sem palavras, através de um proceder casto e irrepreensível. Vestir um traje incorruptível 'que é precioso diante de Deus', que não se corrompe, não se altera, que não pode ser atacado só é possível através de:
1) UM ESPÍRITO MANSO
Segundo o dicionário manso é aquele que não ataca nem agride; é dócil, aquele que busca a paz; para exemplificar esse proceder é citada, no versículo seis, Sara. Em Gn 12.11-16 e 20. 2-3 vemos que essa mulher extraordinária, que é espelho para nós, se trajava com essa vestimenta incorruptível. Ela sabia em quem depositava sua confiança; com certeza não era no homem falho Abraão que para preservar sua vida se escondeu atrás da beleza exterior da sua mulher.
Mas Sara não se resumia apenas ao exterior, ela não precisava temer nenhum espanto, uma vez que seu homem interior, o seu coração estava confiado, apaziguado em Deus. Ela não agrediu seu marido verbalmente, ela não se agitou quando os homens vieram levá-la, pois sua confiança estava em Deus, nAquele que poderia e que a socorreu.
2) UM ESPÍRITO QUIETO
Embora pareçam sinônimas, essas características têm nuances próprias; quieto segundo o dicionário quer dizer calado, sem fazer barulho, calmo, sossegado, em repouso. Enquanto que manso se relaciona à disposição no agir (buscar a paz), quieto se relaciona ao estado de ser; é um traço distintivo e permanente, marcado pela ausência de ansiedade; está intimamente ligado à confiança em Deus; esperar o agir de Deus inclusive na mudança do seu esposo.
Sara nos dá lições e o exemplo importante de como valorizar mais o interior, o relacionamento pessoal com Deus. Isso não quer dizer que, como mulheres não devemos nos arrumar ou embelezar, a questão é: se nossa beleza exterior é só o que temos a apresentar quão débeis seremos então!
Podemos nos acalentar com o discurso de que seguir o que Jesus fez é muito difícil, mas Pedro nos diz que é possível usando um referencial tangível: Sara; alguém muito parecido conosco nas suas falhas e debilidades, mas muito superior no comportamento, no agir.
A releitura de um ditado popular diz: 'ao lado de um grande homem existe uma grande mulher'; se alguém me dissesse que esse dito se iniciou com esse casal da antiguidade bíblica, eu acreditaria!! Abraão, o amigo de Deus, esse homem escolhido pelo próprio Deus, para ser o precursor de uma grande nação, ouvia os conselhos de sua esposa, mesmo aquele péssimo de tomar sua serva Agar (Gn. 16.2).
A parceria entre Sara e Abraão não era algo isolado na cultura judaica e veterotestamentária. Esse era o padrão estabelecido pelo próprio Deus desde o princípio (Homem - Cabeça; Mulher - Ajudadora); o qual podemos ver em tantas outras histórias (Rute, Ana, Débora, a Sulamita, Miriã, etc). O patriarca Abraão valorizava a ajudadora que Deus havia lhe concedido e, ambos, foram eternizados na galeria da fé (Hb. 11.8-11).
Que esse exemplo possa influenciar nosso agir e que, a despeito das falhas dos homens, possamos lembrar que servimos a um Deus que não falha, nem muda; e que à semelhança de Sara possamos nos vestir com esse traje inabalável de uma beleza incorruptível que nos aproxima de Deus e nos coloca em total subserviência dEle e da Sua soberana vontade.
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Luana Batista
Casada com Pr. Hudson Santos Batista
Mãe da Débora (13 anos) e da Marina (7anos)
Pós-graduada em Saúde Mental e Psicopatologias;
Básico em Teologia; Graduada em Licenciatura em Letras
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