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A mobilização na igreja local

Os nossos dias são de grande movimentação das pessoas e parece que o tempo diminuiu para todos. As agendas estão sempre cheias, dificultando o envolvimento dos membros da igreja local nos ministérios e, em alguns casos, até mesmo na presença aos cultos regulares da semana. O que a liderança deve fazer, se a ordem bíblica é envolver toda a igreja no cumprimento da grande comissão? Como mobilizar os nossos irmãos para uma participação voluntária e alegre?

 

A resposta não é fácil, principalmente pelo fato de haver diferenças locais exigindo que medidas diferentes sejam tomadas para isso. Portanto, neste breve texto, quero apresentar algumas sugestões que não são novas e nem inovadoras, mas que, observadas com atenção especial, podem ser aplicadas e promover a tão desejada mobilização na igreja local.

 

Discipulado. A Grande Comissão não se limita apenas a evangelismo, mas também inclui fazer discípulos. Uma abordagem integral de discipulado que envolva todos os membros da igreja em processos de crescimento espiritual, mentoria e serviço pode ser essencial. Existem muitos textos bíblicos que fundamentam o conceito de discipulado, que busca integrar a vida espiritual, emocional, social e física de uma pessoa (Mt 28.19-20; Lc 10.27; Tg 2.14-17; 1 Co 12.12-27).

 

O discipulado bíblico visa transformar vidas de maneira holística, levando em consideração todos os aspectos da pessoa e capacitando-as a viverem de acordo com os ensinamentos de Jesus Cristo. O verdadeiro discípulo não apenas compartilha o Evangelho. Ele se envolve ativamente no cuidado e no ensino daqueles que estão sendo discipulados. Discipular requer amar a Deus de coração, alma, forças, entendimento e, como consequência disso, amar o próximo como a si mesmo. O discipulado elimina a discriminação e a parcialidade, incentivando a igualdade e o cuidado para com todas as pessoas, independentemente de sua posição social ou econômica. No discipulado bíblico, reconhecemos que cada pessoa tem dons, talentos e experiências únicas que podem ser usados para edificar o corpo de Cristo.

 

Identificação de dons e talentos. Cada membro da igreja possui dons e talentos únicos dados por Deus. Identificar esses dons e talentos e capacitá-los para usá-los na missão pode ser uma maneira eficaz de envolver todos os membros. Na Bíblia, há várias passagens que falam sobre dons e talentos dados por Deus e sua identificação na vida da igreja local (Rm 12.6-8; Ef 4.11-12; Mt 25.14-30).

 

Um membro da igreja local pode identificar seu dom de ensino através da capacidade de explicar e comunicar claramente os princípios da fé cristã durante estudos bíblicos ou classes de escola dominical. Um líder na igreja local pode discernir seu chamado para pastorear e ensinar o rebanho através do feedback positivo da congregação sobre sua habilidade de guiar, ensinar e cuidar das pessoas espiritualmente. Outro membro pode descobrir seu talento de liderança através da oportunidade de liderar pequenos grupos ou ministérios dentro da congregação, onde ele ou ela demonstra habilidades organizacionais e capacidade de inspirar outros.

 

Treinamento em evangelismo e missões. Oferecer treinamento prático em evangelismo e missões para todos os membros, equipando-os com as habilidades e a confiança necessárias para compartilhar sua fé em seu contexto diário (Mt 28.19-20; At 1.8; Rm 10.14-15; 2 Tm 2.2; Jo 4.35).

 

Organizar equipes de evangelismo prático para alcançar diferentes comunidades, seja localmente ou nas proximidades em pequenas localidades despertará o coração e trará visão global da evangelização. Claro que, antes da prática na evangelização, tem que haver a capacitação mínima e o incentivo para usar a própria experiência de conversão de cada um. Sem investir em treinamento e mentoria de líderes para que possam capacitar outros a se tornarem discípulos fiéis de Cristo, não haverá o devido impacto e a visão de urgência reconhecendo que o tempo para a colheita espiritual é agora e que devemos estar atentos aos campos brancos ao nosso redor.

 

Programas de engajamento comunitário. Um dos papéis importantes da igreja local é atender às necessidades da comunidade local, demonstrando o amor de Cristo de maneira tangível e criando oportunidades naturais para compartilhar o evangelho (Mt 5.16; 1 Jo 3.17; Lc 10.30-37; Tg 1.27).

 

A Bíblia destaca a importância de viver uma vida que reflita os ensinamentos de Cristo, envolvendo-se ativamente na comunidade para impactar positivamente as vidas das pessoas ao redor. A igreja pode organizar programas de alimentação para os sem-teto, oferecer serviços de aconselhamento, participar em projetos de limpeza da comunidade, e muito mais, de acordo com as necessidades de cada lugar. É importante demonstrar cuidado com o próximo independentemente de quem sejam. A igreja pode organizar visitas regulares a asilos, orfanatos ou hospitais, oferecendo companhia, cuidados pastorais e atividades recreativas para os residentes. Pode estabelecer programas de adoção e acolhimento de órfãos, fornecer apoio emocional e prático para viúvas e viúvos, e promover a conscientização sobre questões sociais que afetam esses grupos. Jesus ensina sobre a importância de servir aos necessitados como se estivéssemos servindo a Ele mesmo.

 

Pequenos Grupos de Discipulado e Oração. Estabelecer pequenos grupos de discipulado e oração dentro da igreja deixou de ser uma opção, por ser uma ordem. Nos pequenos grupos os membros podem se apoiar mutuamente, crescer juntos na fé e orar uns pelos outros, fortalecendo assim o corpo de Cristo para a missão. Os pequenos grupos de discipulado e oração são uma parte importante da vida cristã, proporcionando comunhão, estudo da Palavra e apoio mútuo entre os crentes (At 2.42-47; Mt 18.20; Hb 10.24-25; Tg 5.16; Rm 12.4-5;

 

Os primeiros crentes em Jerusalém se reuniam regularmente para ensino, comunhão, partilha, oração e louvor. Há nisso, um modelo para os pequenos grupos de hoje. A regularidade destes grupos serve como base para encorajamento, fortalecimento mútuo, crescimento e restauração espiritual, através da oração e compartilhamento. Os pequenos grupos fortalecem a visão de interdependentes no corpo de Cristo, onde cada membro contribui de modo único e especial para o todo.

 

Liderança multiplicadora. Capacitar líderes dentro da igreja para multiplicar discípulos e líderes, formando assim uma cultura de multiplicação que se espalha por toda a igreja. A liderança multiplicadora é um conceito que pode ser encontrado em várias passagens da Bíblia, onde líderes capacitam e equipam outros para liderar e influenciar positivamente os membros da igreja local (2 Tm 2.2; Mt 28.19-20; Ex 18.17-23).

 

O apóstolo Paulo instrui Timóteo a passar adiante o que aprendeu para outros, que também serão capazes de ensinar. Isso ilustra o princípio de multiplicação da liderança. Jesus comissionou seus discípulos para fazerem discípulos, não apenas para ensinar, mas para capacitá-los a continuar a missão de fazer discípulos. Isso mostra o aspecto multiplicador da liderança. No A.T. temos o exemplo de Jetro sogro de Moisés, que o aconselha a delegar autoridade e responsabilidade a outros líderes. Moisés seguiu esse conselho, multiplicando sua influência e distribuindo a liderança entre os líderes do povo.

 

Foco na multiplicação de igrejas locais. Além de alcançar indivíduos, a igreja pode se envolver ativamente na plantação de novas igrejas, multiplicando assim seu impacto e alcance na comunidade e além. A multiplicação de igrejas é um conceito que reflete a expansão do Reino de Deus através do estabelecimento de novas congregações. A Bíblia não usa explicitamente o termo "multiplicação de igrejas", mas há princípios e exemplos que podem ser aplicados a esse conceito Mt 28:19-20; At. 1.8; At 13.1-3;

 

Na Grande Comissão Jesus instrui seus discípulos a fazerem discípulos de todas as nações. A multiplicação de igrejas pode ser vista como uma expressão prática desse mandamento, à medida que novas congregações são estabelecidas para alcançar diferentes comunidades e grupos étnicos. Atos 1:8 mostra a progressão do testemunho cristão desde Jerusalém até os confins da terra. Da mesma forma, a multiplicação de igrejas envolve a obra missionária para expansão do Evangelho para além das fronteiras geográficas e culturais, estabelecendo novas igreja locais. Em Atos 13:1-3 vemos a igreja em Antioquia enviando Paulo e Barnabé, como missionários para espalhar o Evangelho em outras regiões. Essa ação de enviar e apoiar obreiros para plantar novas igrejas é fundamental na tarefa de alcançar o mundo.

 

Oração e Dependência de Deus. É necessário promover uma cultura de oração fervorosa e dependência de Deus em todos os aspectos da vida da igreja local, reconhecendo que a missão é realizada pelo poder do Espírito Santo (Mt 21.13; At 2.42; 1 Ts 5.16-18; Ef 6.18; Cl 4.2; Tg 5.16b).

 

Jesus, ao expulsar os vendedores do templo mostrou a importância de manter a igreja como um lugar de oração, onde a comunicação com Deus é prioritária. A igreja primitiva, após o Pentecostes, dedicou-se à oração como uma prática regular e essencial, demonstrando sua dependência de Deus para orientação e fortalecimento espiritual. Paulo instruiu os tessalonicenses a manterem uma vida de oração constante, evidenciando a importância da comunicação contínua com Deus na vida da igreja, e destacou para os efésios, a necessidade de orar em todas as situações e para todas as pessoas, ressaltando a dependência da igreja em Deus para as necessidades espirituais e materiais. Em todas as igrejas locais plantadas pelo missionário Paulo, ele deixou claro a necessidade e importância da oração como demonstração da nossa dependência de Deus em todas as circunstâncias.

 

 

 

 

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