O Deus do conservador e o Deus do progressista: Uma reflexão bíblica contemporânea.
Nos debates entre conservadores e progressistas no meio evangélico, é comum que os conservadores se coloquem como os verdadeiros representantes de Deus. Parece a estes que, ser conservador é o mesmo que defender valores imutáveis e, portanto, estar mais alinhado com Deus. Biblicamente falando, podemos afirmar que Deus é conservador? Ou seria Ele progressista? O que a Escritura nos ensina sobre a natureza de Deus e Seu relacionamento com a forma de pensar deste mundo? Nesse tipo de reflexão, corremos sempre o risco de humanizar Deus, tornando-O semelhante a nós.
Deus é Criador e Inovador
A Bíblia nos apresenta Deus como o Criador de todas as coisas (Gênesis 1.1). Ele é aquele que faz novas todas as coisas (Apocalipse 21.5), que recomenda colocar vinho novo em odres novos (Mateus 9.17) e que renova a mente e o coração dos seus servos (Romanos 12.2; Ezequiel 36.26). Isso demonstra um Deus que se move e que transforma promovendo mudanças.
Ao longo da história bíblica, vemos Deus promovendo mudanças radicais. Ele chamou Abraão para sair da terra de seus pais e iniciar um novo povo (Gênesis 12.1). Ele instituiu uma nova aliança em Jesus Cristo (Lucas 22.20). Ele quebrou paradigmas culturais quando revelou que os “gentios” faziam parte do Seu plano de salvação (Atos 10.34-35). Será que o plano do Eterno mostra um Deus preso a alguma forma conservadora?
Deus e a Manutenção dos Princípios
As Escrituras revelam que Deus é imutável em Sua essência (Malaquias 3.6; Hebreus 13.8). Ele não negocia Sua santidade (Levítico 19.2) e não se adapta ao pecado (Tiago 1.17). A fidelidade aos princípios divinos é algo que encontramos fortemente defendido pelos profetas do Antigo Testamento, por Jesus e pelos apóstolos.
Isso significa que Deus conserva valores e verdades que transcendem épocas e culturas. Ele não se molda ao relativismo humano, nem às modas passageiras. Seu amor, justiça e misericórdia são eternos e não se chocam entre si (Salmos 100.5).
Conservadorismo e Progressismo: Prós e Contras
Ao olharmos para o debate entre conservadores e progressistas, podemos ver aspectos positivos e negativos em ambos os lados.
No conservadorismo, é importante a preservação da fé, da doutrina e dos princípios morais. O perigo está no legalismo, na inflexibilidade em relação à forma e na resistência às mudanças adotadas nas “cartilhas”, igualadas à Palavra Revelada. Agir de acordo com tais cartilhas afirmando que estão fazendo a vontade de Deus é falso, pois trata-se de uma prática que assemelha-se às “leis de cerca”, regras criadas pelos fariseus para evitar que as pessoas chegassem perto de quebrar a Lei de Moisés. O objetivo das “leis de cerca” era construir uma espécie de escudo protetor em torno dos mandamentos divinos, garantindo que ninguém sequer chegasse perto de violá-los. Nos dias de Jesus esse grupo foi alvo das suas mais pesadas reprimendas.
No progressismo, encontramos maior compromisso com a justiça social, com o acolhimento e uma visão menos discriminatória. Há uma prática mais assertiva no que diz respeito a separar o pecador do pecado. O grande desafio é não cair no relativismo que dilui as verdades fundamentais da fé cristã.
Jesus é o modelo perfeito de como equilibrar esses elementos. Ele conservou os valores absolutos, eternos e imutáveis, mas foi revolucionário ao confrontar sistemas religiosos opressores (Mateus 23.23-24). Ele honrou e cumpriu a Lei, compatibilizando-se para revelar a graça como nova perspectiva (João 1.17).
O lugar de Deus no Debate Atual
Olhando para Deus à luz das Escrituras, podemos concluir que Ele não se encaixa no rótulo de conservador nem de progressista. Ele é imutável em Sua essência, agindo sempre de forma inovadora em relação à humanidade. Mantém a Sua essência mesmo frente à multiplicidade de formas.
O chamado de Deus para a Igreja hoje, como em todas as épocas é para manter discernimento e equilibro. Nem toda novidade é boa, e nem toda tradição deve ser mantida a qualquer custo. Sem o critério bíblico do amor a justiça se perdem e a verdade se manifesta apenas na condenação legalista.
Que possamos buscar a Deus acima das formas e das ideologias humanas, vivendo uma fé que seja fiel à Palavra e ao mesmo tempo sensível à realidade de um mundo que muda em uma velocidade nunca vista. Para avivar a obra, é necessário reavivar o coração de forma a atingir a mente. Os fariseus, contemporâneos de Jesus, não conseguiram.
Meus irmãos, com todo respeito, gostaria de dizer que sou radicalmente contra a propaganda sutil e enganosa que creio estar embutida neste artigo. Não estou dizendo que seja esta a intenção do autor, mas é o perigo que vejo. Dizer que o progressismo tem compromisso com a justiça social pode atrair incautos para esta linha ideológica e desviá-los do caminho. Pois o Progressismo, com seu disfarce de benfeitor dos fracos e oprimidos tem se mostrado como uma espécie de Robin Hood, que rouba dos ricos para dar aos pobres, cuja intenção final tem sido claramente notada como o demolir os princípios judaico-cristãos da nossa combalida sociedade. O progressismo é declaradamente anticristão. Não creio que haja qualquer compatibilidade entre cristianismo…