As crianças na Bíblia: Tesouros do Reino
- Carlos Moraes

- 12 de out.
- 2 min de leitura
Uma crônica sobre o olhar divino para os pequenos.
Desde as páginas antigas da Escritura, as crianças aparecem como sinais da promessa, expressões da bênção divina e lembretes vivos da continuidade da aliança de Deus com o Seu povo. No Antigo Testamento, elas não são meros coadjuvantes na história familiar - são a própria esperança de Israel, a concretização da herança que Deus concede aos justos.
“Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão” (Salmo 127.3). Essas palavras de Davi ecoam a visão veterotestamentária de que cada criança era uma dádiva, não uma posse. A paternidade e a maternidade, portanto, traziam consigo não apenas alegria, mas também a responsabilidade sagrada de instruir e proteger. “Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos” (Deuteronômio 6.6-7).
Em tempos em que o mundo pouco valoriza o ensino dentro de casa, o modelo bíblico continua atual: o lar deve ser o primeiro púlpito, e os pais, os primeiros mestres. A instrução não era uma mera transferência de informações, mas um cultivo do coração, uma formação de caráter sob o temor do Senhor.
Na Bíblia, vemos ainda o cuidado de Deus para com as crianças em meio à comunidade. A lei mosaica determinava proteção especial para os pequenos, para que não fossem explorados nem esquecidos (Êxodo 22.22-23). As crianças eram envolvidas nas festas, nas celebrações e nas memórias da fé - elas participavam da identidade espiritual do povo.
E então vem Jesus
Com Ele, o olhar sobre as crianças ganha nova luz - não apenas como símbolo da continuidade humana, mas como espelho do próprio Reino de Deus. Quando os discípulos tentaram afastar os pequeninos, o Mestre interrompeu o caminho e declarou: “Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, porque dos tais é o Reino dos céus” (Mateus 19.14).
Aquelas mãos pequenas que tocavam Jesus revelavam o coração do evangelho: pureza, dependência, confiança. Cristo não apenas acolhe as crianças; Ele as coloca como modelo para os adultos. “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus” (Mateus 18.3).
O que o Antigo Testamento ensinava como responsabilidade, Jesus transformou em revelação. A criança não é só uma vida a ser guiada - é um lembrete de como devemos viver diante do Pai: com simplicidade e fé.
Nos dias de hoje, quando tantas vozes competem pela atenção dos pequenos, a Palavra ainda ecoa com ternura e autoridade: cuidar das crianças é cuidar do futuro da fé. E, sobretudo, é imitar o próprio coração de Deus, que se fez menino para salvar o mundo (Isaías 9.6; Lucas 2.7). Porque, afinal, nas mãos de uma criança repousa o sinal do Reino - puro, confiante e cheio de esperança.
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REFERÊNCIAS BÍBLICAS:
Salmo 127.3-5; Deuteronômio 6.6-7; Êxodo 22.22-23; Mateus 18.1-5;
Mateus 19.13-15; Isaías 9.6; Lucas 2.7.







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