top of page

Do sangue à terra: a certeza do céu

Foto do escritor: Luana BatistaLuana Batista

Como é bom planejar as férias! É quase tão bom quanto a viagem em si. Mas, ainda melhor, é voltar para casa; nosso lugar seguro, lugar de repouso onde relaxamos e somos nós mesmos, sem filtros ou retoques.

 

Esse sentimento de familiaridade, de conforto com o ambiente que conhecemos é construído desde o nosso nascimento. Desde pequenos somos introduzidos em um conjunto de hábitos, língua, culinária, costumes, que muitas vezes vão delinear nossa maneira de pensar e agir.

 

Ao expandir essa noção e acrescentar direitos e deveres, temos aquilo que o Estado chama de nacionalidade; a qual pode ser concedida principalmente por dois critérios: 'jus sanguinis' do latim 'direito de sangue', e 'jus solis' do latim 'direto de solo'.

 

Esse direito inato refere-se no primeiro critério à filiação, ou seja, por parentesco sanguíneo; já o segundo se dá quanto ao local de nascimento, ao território onde a pessoa nasceu. Cada país adota preferencialmente uma dessas formas de concessão de nacionalidade sem, contudo, desconsiderar completamente a outra.

 

Países europeus ou conhecidos como 'berços da civilização' utilizam preponderantemente o critério 'jus sanguinis', visando resguardar os direitos de seus cidadãos até mesmo em tempo de guerra, quando forçados a deixar seu país, sua terra, sua pátria.

 

Já as nações colonizadas, como as das Américas, por exemplo, adotam o padrão 'jus solis', uma vez que, ao serem colonizadas ainda não havia o reconhecimento de nação local, precisavam adotar àquela da colonizadora; ao alcançarem a independência política, aqueles que se encontravam em seu solo adquiriam a nova nacionalidade, sendo nativos ou imigrantes.

 

Na Bíblia há muitos relatos de pessoas obrigadas a viverem em países estrangeiros, motivadas, em sua maioria, por conflitos e guerras ou questões relacionadas à fome: às condições precárias de subsistência. Uma dessas histórias é encontrada no livro de Ester; filha dos cativos de Judá, vivendo em solo pagão na Fortaleza de Susã, residência de inverno dos reis persas.

 

A história narrada se dá no século V a.C.; a deportação dos judeus (Reino do Sul) havia ocorrido por volta de 600 a.C. pelo rei babilônico Nabucodonosor. Ciro, o persa já decretara (cumprindo profecia divina) o retorno para reconstrução de Jerusalém por volta de 530 a.C, 50 anos antes dos registros desta história. Ainda assim, a órfã Hadassa (nome hebraico de Ester), adotada por seu primo Mardoqueu, habitava a cidadela capital do Elão.

 

O rei daqueles dias era Assuero, um homem arrogante e presunçoso, facilmente influenciado por conselheiros movidos por interesses próprios e superstições. Para ostentar todo o seu vasto império que se estendia do Egito à Índia, deu um banquete de seis meses para seus nobres finalizando com sete dias para todos os súditos de Susã; então, já cheio do vinho, quis exibir sua bela esposa para todos. Mas Vasti se negou a ir até o rei o que resultou em sua deposição.

 

Para ocupar seu lugar, seus conselheiros sugeriram que o rei escolhesse a mais bela virgem de todo reino e, por providência e soberania divinas, Ester, foi escolhida pelo rei. Que caminhos essa descendente benjamita trilhou até chegar ao palácio! Obedeceu ao seu pai adotivo ao esconder sua origem judaica, foi humilde e submissa também na casa real ao ouvir os responsáveis pelas mulheres.

 

Movido por ódio à Mardoqueu, Hamã, o agagita, um dos principais conselheiros do rei, maquina como poderia se vingar, fazendo o rei Assuero coadunar num edito Medo-persa que não se pode revogar, pela destruição do povo judeu. A sorte é lançada e o dia do extermínio escolhido; resta a Mardoqueu ir até Ester suplicar ao rei em favor do seu povo. Após uma breve hesitação dela, ele lhe faz um alerta:

 

Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo que, por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus.

Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino? (Ester 4.12-13)

 

Essa jovem exilada, nascida em solo persa, tendo sua origem judaica ocultada, precisa encarar o desafio de entrar na presença do rei sem ser convidada, crime passível de morte, para clamar por seu povo. Revestida de coragem, confiando na resposta de Deus ao jejum e oração dos judeus, vai até o rei com um plano bem definido, sem precipitação ou desespero.

 

Após dois banquetes apenas com a presença do rei e de Hamã, Ester faz sua petição. Enquanto o inimigo do povo de Deus arquitetava o mal contra Mardoqueu e todos os da sua nação, Deus agia em favor do Seu povo até mesmo impedindo o sono do poderoso Assuero (Ester 6.1). Embora Ester fosse a rainha do império persa, o sangue que corria em suas veias era a declaração de sua nacionalidade originária.

 

Ao tomar ciência de tudo, o rei fez tornar sobre Hamã todo mal que intentara contra Mardoqueu, condenando-o à mesma forca que construíra para o pai da rainha. Além disso, deu a Ester e Mardoqueu o poder, representado por seu anel, de contornar o mal que havia sido lançado contra o seu povo. Que bela história de livramento operada por Deus em favor dos judeus! Ele usou um influente servo na corte persa e sua filha, além de um rei pagão.

 

Há ainda uma outra maneira de obter nacionalidade; é aquela conhecida como derivada ou adquirida. Essa forma se dá por naturalização, quando alguém adquire a nacionalidade de outra nação sem que tenha qualquer ligação com ela (seja sanguínea ou territorial). Para este caso o critério é a intenção, o desejo do indivíduo em fazer parte dessa nação que o seu coração adotou, ao cumprir os quesitos legais do país que almeja, abre mão da sua nacionalidade original.

 

Ao receber a Cristo como salvador pessoal somos feitos Filhos de Deus por adoção e, dessa forma, participantes do céu como herança. Somos alcançados pela salvação eterna mediante um sacrifício de sangue, uma aliança inquebrável através do cumprimento de uma condição perfeitamente satisfeita.

 

Como se não bastasse, sermos filiados por adoção, pelo sangue, ainda somos feitos pertencentes ao céu, ao nascermos em território celestial:

“E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Efésios 2.6).

 

Uma vez participantes dessa nova nacionalidade, nossa identidade, cultura, comportamentos, assumem novas características, as quais a cada dia mais e mais devem se assemelhar Àquele que nos enxertou a Si. Um povo distinto, zeloso de boas obras; que voluntariamente decidiu migrar da sua velha e caída natureza, para uma elevada e sublime posição de filho eterno.

 

Assim como Ester pôde repousar em família por meio da adoção de Mardoqueu; como Jesus foi feito herdeiro do trono de Davi, por meio da adoção de José; assim também nós nos tornamos irrevogável, e perenemente herdeiros da eternidade nos céus por Jesus Cristo que nos outorgou não apenas um, mas todos os critérios legítimos e intransferíveis de Sua família, do Seu povo, da Sua casa.

________________________

Luana Batista

Dourado MS

 

0 comentário

Komentáře


Oferte:

O Jornal de Apoio é um ministério sem fins lucrativos. As ofertas e doações servem para os custos administrativos da missão na divulgação da obra missionária.

Compartilhe:

Ore e ajude a obra de missões divulgando as matérias do Jornal de Apoio. Compartilhe nas redes sociais e apoie os ministérios divulgados.

  • Facebook
  • Instagram
  • Youtube

©2023 - Jornal de Apoio.

Fale Conosco:

Edição e Redação: (16) 99192-1440

jornaldeapoio.editor@gmail.com

bottom of page