Ele escolheu os cravos
- Alexandre Dutra

- 17 de abr.
- 6 min de leitura
Uma análise bíblica sobre a decisão de Jesus e sua morte vicária na Cruz.
A morte de Jesus, o Messias, na cruz do Calvário é o evento central da fé cristã. Não foi um acidente histórico, mas o cumprimento do plano redentor de Deus. Desde a queda do homem no Éden, Deus prometeu a vinda de um Redentor que esmagaria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15). Esse plano se desenrolou ao longo da história bíblica, culminando na morte e ressurreição do Senhor Jesus.
A Escolha de Jesus pela Cruz
A escolha envolve a decisão da vontade, e Jesus deliberadamente escolheu entregar-se para a redenção da humanidade. O Messias veio para morrer; Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Antes da fundação do mundo, o plano de redenção já estava estabelecido: “Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós” (1 Pedro 1:19-20); “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” Apocalipse 13:8).
Ao longo de Seu ministério terreno, Jesus revelou aos Seus discípulos a necessidade de Sua morte e ressurreição: “E começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria”; “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 8:31; 10:45).
A cruz não foi um acidente, mas o cumprimento do desígnio divino. Jesus demonstrou Sua disposição de entregar a própria vida ao afirmar: “Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la.” (João 10:18a). O Senhor Jesus não é o mártir da paz. Ele é o “Príncipe da Paz (...) o castigo que nos traz a paz estava sobre ele” (Isaías 9:6; 53:5).
A Centralidade de Jerusalém na Morte do Messias
Jesus enfatizou que era necessário ir a Jerusalém para cumprir Sua missão (Mateus 16:21). Jerusalém era o centro do governo davídico, onde o Messias deveria se apresentar como o rei dos judeus; o local da adoração no Templo construído no Monte Moriá (2 Crônicas 3:1), o mesmo lugar onde Abraão esteve prestes a sacrificar seu filho Isaque (Gênesis 22:2). Isso simbolizava que o Templo seria um local de provisão e redenção, apontando para o sacrifício do Messias como sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque (Salmo 110); Jerusalém era o epicentro das profecias anunciadas pelos profetas judeus até a chegada do Profeta semelhante a Moisés (Deuteronômio 18:18-19).
Os eventos da Páscoa judaica estavam diretamente ligados à morte do Messias, pois Ele é o verdadeiro Cordeiro Pascal: “Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Coríntios 5:7b). A liderança judaica e os gentios desempenharam papéis fundamentais na crucificação de Jesus, cumprindo a profecia de que Ele sofreria nas mãos de ambos (Marcos 10:32-34). O Sinédrio condenou Jesus sob a acusação de blasfêmia (Mateus 26:65-66), enquanto Pilatos, pressionado pela multidão e temor a César, entregou-O à crucificação (Mateus 27:24-26).
O Sofrimento de Jesus e a Crucificação
No Getsêmani, Jesus experimentou intensa agonia emocional, a ponto de Seu suor tornar-se como gotas de sangue (Lucas 22:44). A hematidrose, um fenômeno raro, indica extrema angústia, pois Ele estava prestes a carregar sobre Si os pecados do mundo inteiro: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Isaías 53:6). Após Sua prisão (João 18:12), Jesus foi levado ao Sinédrio e diante de Caifás, onde sofreu agressões e zombarias (Lucas 22:63-64). Pedro, um de Seus discípulos mais próximos, O negou três vezes antes do cantar do galo, cumprindo a profecia de Jesus (Mateus 26:69-75).
No Pretório, Pilatos cedeu à pressão da liderança sacerdotal e ordenou que Jesus fosse açoitado e crucificado (Mateus 27:26; João 19:1). A flagelação romana era brutal, usando chicotes com pedaços de osso e metal, causando hemorragias severas. A crucificação era a forma de punição mais cruel e humilhante do mundo romano, reservada a escravos e criminosos: “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gálatas 3:13b conf. Deuteronômio 21:22-23).
Jesus foi pendurado no madeiro, cumprindo a profecia do Salmo 22:16: “Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés” e do profeta Isaías 53:4-5: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. Seu sofrimento não foi apenas físico, mas também espiritual, pois Ele carregou sobre Si a ira de Deus contra o pecado: “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21).
O Significado Teológico da Escolha de Jesus pelos Cravos
Por que Jesus escolheu os cravos?
Para cumprir as Profecias acerca de sua paixão (Mateus 5:17; Salmo 22:16; Isaías 53:4-5), Jesus escolheu os cravos por amor (João 3:16; Romanos 5:8). Como disse o menino Max de cinco anos: “Deus poderia ter dito palavras mágicas para que os pregos caíssem da Cruz, mas ele não disse isso. Isso é amor”. Para nos SALVAR, Ele se entregou voluntariamente (João 10:17-18). Em Seu último brado, declarou: “Está consumado” (João 19:30), selando a redenção da humanidade. Essa declaração, no grego “Τετέλεσται - Tetelestai”, significa “está pago”, indicando que a dívida do pecado havia sido completamente quitada.
Os eventos que seguiram Sua morte confirmaram Seu sacrifício: um soldado perfurou Seu lado para garantir que já estava morto (João 19:33-34). Suas palavras na cruz, como “Pai, perdoa-lhes” (Lucas 23:34) e “Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23:46), revelam Sua missão cumprida. O véu do Templo se rasgou de alto a baixo (Mateus 27:51), simbolizando o acesso direto a Deus sem a necessidade de um sacerdote intermediário (Hebreus 10:19-20).
A Ressurreição e a Vitória sobre a Morte
O corpo de Jesus foi sepultado em um túmulo escavado na rocha (Mateus 27:60), mas ao terceiro dia, Ele ressuscitou (Mateus 28:1-6). Sua ressurreição é a prova definitiva de Sua vitória sobre o pecado e a morte, garantindo a vida eterna aos que creem Nele. Paulo declara que, sem a ressurreição, a fé cristã seria inútil: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1 Coríntios 15:17).
Após ressuscitar, o Senhor Jesus apareceu a diversas pessoas, incluindo Maria Madalena, os discípulos no caminho de Emaús e mais de quinhentos irmãos de uma só vez (1 Coríntios 15:6). A ressurreição do Messias garante que aqueles que estão Nele também ressuscitarão (1 Tessalonicenses 4:16-17).
Considerações Finais
Ele Escolheu os Cravos para que você pudesse ser livre do inferno. Como disse o pastor e escritor Max Lucado: “Jesus preferiu ir ao Inferno por você, ao invés de subir ao céu sem você.” Ele Escolheu os Cravos para que você tenha vida. Ele Escolheu os Cravos para levar ao abismo seu pecado, seus fantasmas, suas inseguranças, seus medos e temores. Ele Escolheu os Cravos vencendo a morte para que você não tenha medo dela. Ele Escolheu os Cravos e subiu ao céu para preparar um lugar para você.
Enfim, o Senhor Jesus escolheu os cravos para que a humanidade fosse liberta do pecado e da condenação eterna. Ele aceitou a cruz por amor, cumprindo todas as profecias do Antigo Testamento a esse respeito. Seu sacrifício oferece redenção e reconciliação com Deus. Diante dessa realidade, resta a cada indivíduo tomar uma decisão: entregar-se ao Senhor Jesus e viver pela Sua graça, confiando na promessa de vida eterna.
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Pr. Alexandre B. Dutra
Diretor dos Amigos de Sião, Bacharel em Teologia; Mestre em Teologia Pastoral e
Mestre em Letras - Estudos Judaicos (USP), Doutorando em Teologia Pastoral.







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