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Não lute suas lutas sozinho(a)

Vivemos em um mundo cada vez mais individualizado. A vida comunitária perdeu espaço em meio às relações estabelecidas na superficialidade, nas conversas rasas, tipo: como vai? Tudo bem? O outro responde: - Tudo bem! Só que não vai tudo bem, mas ninguém está interessado em saber de verdade se o outro está bem, e o outro não está interessando em contar que não está tudo bem, abrir seu coração e correr o risco de ver seu problema sendo comentado de forma maldosa, ver sua vida sendo exposta.

 

Assim, seguimos lutando sozinhos(as) nossas lutas diárias, nossas lutas cotidianas. Mesmo nós cristãos, que fazemos parte de uma comunidade de fé, lidamos com essa realidade. Torna-se muito mais difícil a situação quando quem está passando pela luta, está em uma situação de liderança nessa comunidade. As pessoas olham para esse(as) líderes como super-homens (ou mulheres maravilhas) que foram criados(as) para resolver problemas, não para compartilhar problemas.

 

Se esses homens e mulheres abrirem seus corações e compartilharem suas lutas, suas angústias, a depender da área em que enfrentam a luta, vão causar surpresa, perplexidade e para muitos até decepção, afinal, ele(a) parecia tão firme! Parecia tão forte! Não deveria ser assim. Precisamos exterminar o estereótipo do super crente. Não existem super crentes!

 

O Apóstolo Paulo reconheceu em Romanos 7.24-25 a eterna luta entre a carne e o espírito e ele mesmo lamenta sua incapacidade de fazer sempre o que é correto, por tanto, nenhum de nós deveria ser cobrado(a) neste sentido. Outra questão relevante é que nem sempre a luta enfrentada diz respeito à comportamentos pecaminosos por parte do cristão, pode ser uma luta por enfermidade, por dificuldade financeira gerada pela falta de trabalho e não por descontrole financeiro, por um divórcio onde uma das partes não deu causa, ou por alguma decisão que afetou a família negativamente, mas ele(a) especificamente não contribui para o fato, mas foi totalmente afetado(a) e está sofrendo sozinho(a) e calado(a).

 

Para não adoecer emocional e espiritualmente, chegando ao ponto de entrar em uma depressão ou algo pior, penso ser urgente e importante olhar para a Palavra de Deus e ver como o Senhor Jesus lidou com suas dores, como enfrentou suas lutas. Sim, Jesus quando viveu neste mundo encarnado como homem teve dores, teve lutas! Ele é a nossa referência, é com Ele que devemos aprender.

 

Estudando as Escrituras, podemos ver algumas ações que Jesus tomou em seus momentos de angústias, dores e lutas que devem servir de parâmetro para nós. Primeiramente Jesus mantinha comunhão com o Pai em oração. Vemos Jesus sempre, ao longo do seu ministério buscando comunhão com o Pai por meio da oração, não só nos momentos de dor e lutas, mas também. Quando estava prestes a ser preso e ser levado perante as autoridades para enfrentar um julgamento fraudulento Jesus buscou o Pai em oração (Mateus 26.39). Além de buscar o Pai em oração e apresentar-lhe sua dor e angústia, Jesus também buscou amigos em quem que Ele confiava, para estarem ao seu lado naquele momento (Mateus 26.36):

 

Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo”.

 

Precisamos aprender com nosso Mestre e colocar em prática seus ensinamentos. Quando estamos atravessando um momento de luta muito grande, que gera muita angústia em nossa alma, que nos desestabiliza é urgente ter alguém em quem confiamos para falar, para abrir nosso coração, para compartilhar. Guardar o problema só para nós, faz ele crescer, parecer impossível de ser solucionado e nos coloca na condição de refém daquele problema.

 

Quando abrimos nosso coração com um amigo verdadeiro, que sabemos que se importa com nossa dor e nosso sofrimento, sentimos alívio, porque dividimos o fardo. O outro que está fora do problema pode nos fazer perceber fatos e coisas que não tínhamos percebido, encontrar soluções que não consideramos. Quando abrimos nossa alma e coração diante do Pai em oração, muito mais recebemos consolo e calma. Nem sempre recebemos solução para o problema, mas conseguimos enfrentar com mais calma, confiança, paz.

 

Se você não tem um amigo mais chegado que um irmão, alguém que você pode ligar qualquer dia e hora, que você pode compartilhar suas lutas e problemas sem ser julgado, alguém que você pode pedir como Jesus pediu para os amigos dele, fica aqui comigo ou ore por mim e ter certeza de que ele irá orar, recomendo que você busque em Deus este amigo(a) com urgência. Não há ninguém que vá passar por esse mundo sem ter de enfrentar o dia mal, sem ter lutas e que não precise dividir essa carga com alguém. Que o Pai nos ajude a ser uma comunidade cada vez mais acolhedora e cada vez menos, julgadora!

 

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