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O equilíbrio entre o púlpito e o pastoreio

É apaixonante olhar para a Palavra de Deus e dedicar-se com afinco a examinar as Escrituras Sagradas. Quanto mais conhecemos, mais nos maravilhamos; quanto mais estudamos, mais percebemos a necessidade de estudá-las. Certamente, a correta compreensão e aplicação de um texto bíblico exige muita dedicação por parte dos pastores. São horas e horas de estudo, meditação, comparações, cursos a serem realizados e uma mensagem coerente a ser entregue.

 

Sim, um pastor é alguém que estuda, mas um pastor é também alguém que pastoreia. É muito interessante observarmos as viagens missionárias de Paulo e suas constantes visitas às sinagogas. Certamente, aqueles púlpitos não podiam ser ocupados por pessoas ignorantes, indoutas e sem uma sólida carga intelectual bíblica. Paulo tinha essas características; arrazoava com homens muito conhecedores da Bíblia e, ao examiná-la, mostrava a realidade salvífica presente no Messias, Jesus.

 

Paulo chegou a enfrentar o Areópago de Atenas, uma cidade muito conhecida e marcada na história por sua grande influência no pensamento filosófico. Sua vasta carga intelectual bíblica fez com que alguns "se agregassem a ele e cressem", mesmo em uma cidade onde uns eram extremamente idólatras e outros absolutamente descrentes.

 

Mas, em Atos 20, em Mileto, vemos Paulo em um discurso mais emocionado, despedindo-se de pessoas que, além de líderes, certamente haviam se tornado seus amigos. Ali, Paulo expressa sentimentos, Paulo derrama o coração; uma partida nunca é fácil, ainda mais quando se sabe que não haverá retorno.

 

Nessa altura, Paulo não parece mais arrazoar ou persuadir, mas sim pastorear. Ele nos diz no verso 31 que admoestou com lágrimas cada um daqueles homens. Creio que todas essas situações nos mostram que Paulo expõe seu intelecto (estudo e persuasão), mas também nos revela o pastoreio (amor, cuidado e dedicação).

 

Ambas as coisas são indispensáveis no ministério pastoral, mas encontrar o equilíbrio entre elas nem sempre é fácil. Somos sempre divididos entre ser racionais e ser emocionais, e creio que a graça de pastorear é o “ofício” em que mais podemos colocar em perfeita sincronia a razão e a emoção. Uma ensina e a outra abraça, uma admoesta e a outra chora ou se alegra com a pessoa.

 

Não quero dizer que nossos sentimentos não são racionais, no sentido de não serem controlados ou direcionados aos alvos corretos, mas que, na expressão deles, no pastoreio, no amor às ovelhas, muitas vezes um abraço, um “estamos juntos”, um choro empático ou um riso contagiante dispensa qualquer necessidade de persuasão.

 

Qual dos dois, portanto, deve falar mais alto? Qual dos dois necessita mais de meu empenho: a preparação de uma mensagem para ser entregue em sua melhor forma no domingo ou o abraço apertado naquele irmão enfermo que tanto amo?

 

Evidentemente, os dois são igualmente importantes. Um educa e o outro consola; um direciona e o outro certifica: "Ei, estou aqui!"

 

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João Pedro Martins é pastor na Igreja Batista Independente em Orlândia SP

Formado em teologia pelo Instituto Pedra Viva.

Graduado em Serviço Social pela universidade de Franca SP.

Cursando pós graduação em Teologia Bíblica pelo Pregue a Palavra em Atibaia SP

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