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Os sinais do arrebatamento

É comum que em tempos de guerras e rumores de mais guerras, o povo de Deus reacenda sua expectativa quanto a iminência de seu arrebatamento e o encontro com seu tão grande salvador. Atendo-se apenas ao último século, o mesmo ocorreu em meio as grandes guerras mundiais, assim como durante as ameaças de conflito nuclear entre as grandes potências e, nas duas últimas décadas, sempre que ocorrem conflitos entre nações árabes e a nação de Israel. A cada novo capítulo dos conflitos entre nações, e em especial os envolvendo a nação de Israel, textos bíblicos são recordados como um aviso que o tempo do fim está próximo. Não há mal nisto, a não ser pela aplicação imprópria de textos bíblicos interpretados fora de seu contexto, o que sim, colabora para uma visão defeituosa quanto ao que realmente requer a atenção e esforço dos salvos em tempos como estes. Por isso, faremos bem em examinar tal questão.


Primeiramente, o não reconhecimento que Deus possui planos distintos em relação à nação de Israel e a igreja de Cristo, pode levar os salvos a aplicar textos que descrevem o trato de Deus com a nação de Israel com textos que revelam a ação e plano de Deus para com os salvos da igreja, principalmente quanto aos fatos futuros. Da mesma forma, a não percepção que o arrebatamento da igreja e a segunda vinda de Cristo são acontecimentos distintos, também podem levar os salvos a aplicar erroneamente os sinais que precedem estes acontecimentos, comumente aplicando ao arrebatamento sinais que pertencem exclusivamente a segunda vinda de Cristo. É perceptível a união destes dois fatores quando observamos as diversas e contraditórias interpretações dadas às palavras do Senhor em seu sermão registrado no capítulo 24 do evangelho segundo Mateus. A não compreensão dos distintos planos de Deus a Israel e igreja, unida à falta de discernimento entre dois acontecimentos também distintos, arrebatamento e segunda vinda, faz com que a narrativa de Jesus neste capítulo seja entendida como o cenário que antecederá o arrebatamento da igreja, e não como aquilo a que realmente se destina, estabelecer a cronologia dos fatos que se darão durante o período em que Deus voltará a tratar com a nação de Israel, julgando as nações gentias e derramando seu juízo sobre a falsa igreja, descrita na profecia de Daniel como a septuagésima semana, os sete anos de tribulação que em breve, assim cremos, se darão neste mundo.


Porém, como saber se esta é realmente a interpretação correta deste texto? Utilizando a primeira lei de interpretação bíblica que os salvos devem lançar mão ao estudarem as Escrituras: a Bíblia é sua melhor e única interprete. Ao observarmos a cronologia usada por Jesus em Mateus 24 observamos que ela se encaixa com perfeição na descrição feita por João no capítulo 6 do livro de Apocalipse, ao narrar a abertura dos seis primeiros selos do livro que revela os acontecimentos dos primeiros três anos e meio da septuagésima semana da profecia de Daniel: o aparecimento do anticristo (Apocalipse 6.2 /Mateus 24.4,5); as guerras resultantes (Apocalipse 6.3,4 /Mateus 24.6); a fome que acompanhará a guerra (Apocalipse 6.5,6 /Mateus 24.7); as epidemias e catástrofes naturais em diferentes partes do mundo (Apocalipse 6.7,8 /Mateus 24.7b); a perseguição e morte aos que não aceitarem se submeter a autoridade do anticristo (Apocalipse 6.9 a 11 /Mateus 24.9); e o começo do derramar da ira de Deus sobre este mundo (Apocalipse 6.12 a 17 /Mateus 24.14). O verso 14 do texto de Mateus revela que, após estes fatos “... então virá o fim”, ou seja, a eles se seguirão os últimos três anos e meio da profecia de Daniel, razão pela qual o Senhor Jesus denomina estes primeiros três anos e meio como “... o princípio de dores” (verso 8), descrição que somente pode ser aplicada ao tempo aqui referido.

Tendo estabelecido esta questão, convém que reconheçamos então quais os sinais específicos, revelados nas Escrituras, que descrevem o período que antecede o arrebatamento da igreja de Cristo, tendo o mesmo cuidado em reconhecer que as Escrituras distinguem o plano de Deus para a nação de Israel e seu plano para a igreja, assim como que o arrebatamento da igreja e a segunda vinda de Cristo são acontecimentos distintos. Para a nação de Israel, os sinais que seu Rei está prestes a vir livrar e restaurar seu povo são sinais que ocorrem exclusivamente neste mundo, revelados pelo Senhor no capítulo 24 de Mateus e por João nos capítulos 4 a 19 do livro de Apocalipse. Já quando tratamos da igreja de Cristo e dos sinais de que seu Salvador está prestes a revelar-se, nossos olhos devem ser levados a contemplar as epístolas do Novo Testamento. Nelas encontramos expressões como “... últimos tempos” (1 Timóteo 4.1), “... últimos dias” (2 Timóteo 3.1) e “... última hora” (1 João 2.18), usados para descrever todo o período entre os dois adventos de Jesus, de seu nascimento físico a profecia dada pelos anjos quando de sua ascensão ao céu no primeiro capítulo do livro de Atos, “Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o viste ir". Nos capítulos 2 e 3 do livro de Apocalipse encontramos as sete cartas escritas pelo Senhor Jesus a igrejas reais, que enfrentavam os problemas descritos ali, assim como possuíam as qualidades descritas. Reconhecemos que estas sete igrejas representam também os vários períodos históricos aos quais a igreja de Cristo foi submetida nestes últimos 2 mil anos. A porção final do período da igreja neste mundo é descrito ali por meio das cartas a duas igrejas: a igreja de Laodicéia, que representa a falsa igreja, descrita por Cristo como uma farsa “... e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Apocalipse 3.17), e a igreja de Filadélfia, representado a verdadeira igreja dos redimidos por seu sangue, uma igreja que tem “... pouca força” (verso 8), e que por isso é lhe dito apenas que “... guarda o que tens” (verso 11). Encontramos a mesma verdade ao observarmos as epístolas de Paulo a Timóteo, quando o apóstolo descreve a condição de fraqueza reinante em meio a igreja neste período “MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Timóteo 4.1), assim como a impiedade que caracteriza a falsa igreja “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo coceira nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2 Timóteo 4.3,4). O que estes textos nos levam a reconhecer? Que os sinais da iminência do arrebatamento da igreja são encontrados dentro dela mesma e na religiosidade praticada a seu redor. É reconhecível que em nenhum outro tempo a igreja de Cristo andou em tamanho estado de fraqueza espiritual como em nossos dias, cercada por uma falsa religiosidade que asfixia o pouco de verdade ao seu redor. Logo chegará o tempo em que não restará outra coisa ao Senhor a não retirar sua igreja deste mundo.


Quais são então os sinais do arrebatamento da igreja? São sinais que reconheceremos apenas quando este portentoso acontecimento estiver em andamento, como bem descreve o apóstolo Paulo em sua epístola aos tessalonicenses “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses 4.16,17). Isso não significa que desprezamos os acontecimentos mundiais que preparam este mundo para o futuro governo diabólico do anticristo, porém, reconhecemos que um sermão tratando de guerras e catástrofes visivelmente produz um maior impacto sobre os ouvintes, o que também pode leva-los a descansar no fato que não possuem qualquer responsabilidade quanto a isto. Porém, ao expormos a verdade que os sinais de que em breve a igreja será arrebatada são claramente encontramos dentro dela mesma, exortamos os salvos a se resguardarem da frieza espiritual que caracteriza esta era.

Por isso, encare com clareza o que as Escrituras têm a nos dizer a respeito dos sinais que antecederão o arrebatamento.

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Fabiano F. Almeida

Pastor no Templo Batista Maranata em Goiânia GO



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