“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”
(1 João 1.8).
Tudo começou no jardim do Éden e, desde então, todos nós temos a tendência de apontar a causa do nosso pecado aos outros. Em todo momento nós apontamos o dedo de culpa e cada vez mais estamos nos esforçando para convencer a nós mesmos que a culpa não é nossa.
Adão transferiu a culpa para Eva, e esta, por sua vez, a transferiu para a serpente. Ninguém admitiu culpa. Eles tiveram a oportunidade de confessar e se arrepender, mas ao contrário disso, apresentaram desculpas.
A verdade é que, geração após geração, os homens apontam os outros, negando o seu próprio pecado. Veja como é simples identificar a transferência de culpa nas coisas mais simples. Se não vamos à igreja, a culpa é de alguém ou de alguma coisa, como o trabalho, a família, a chuva, o sol, o calor, o frio, ou, o que é pior, aquele irmão ou irmã que não me cumprimenta quando chego para o culto.
Mas a quem enganamos com esse comportamento?
A Deus? Não!
As pessoas? Talvez.
A nós mesmos? Com certeza!
Não é natural olharmos para nosso interior, e procurar a causa do erro, pois o pecado acaba trazendo a nós uma sensação de autojustiça, tornando-nos experts em desculpas. De alguma maneira nós temos a ilusão de que nossos maiores problemas estão fora de nós, e não dentro.
Todos temos “advogados internos” atentos, prontos para sair em nossa defesa, diante de qualquer acusação. Temos muita habilidade em apresentar desculpas, ao invés de admitir que o que fizemos de errado tem a ver conosco e não com os outros.
Quando somos acusados em nossa consciência, por causa do fiel ministério de convicção do Espirito Santo, somos tentados a nos esquivarmos da culpa, direcionando a causa para outro lugar ou pessoa. Infelizmente, é muito maior o nosso interesse pelo pecado do outro, do que pelos nossos próprios pecados.
O apóstolo João, foi muito claro e direto ao afirmar: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (1Jo 1.8). Aceitar a própria culpa não é natural para pecadores. Mas a graça de Deus, resgatadora e transformadora, para produzir em nós um coração humilde, voluntário, quebrantado e que se auto examina, exige a admissão do pecado e da culpa.
É necessário entender que somente através da graça divina, podemos ter o coração perverso quebrado, levando-nos à confissão e arrependimento. A graça se manifesta, abrindo os nossos olhos para enxergar o que é necessário, e tem o poder para destruir todas as autodefesas. Na conversão, somos levados ao reconhecimento e confissão do próprio pecado, desistindo de apontar o dedo da transferência de culpa para o outro. Só o perdão tem o poder para nos libertar e capacitar a viver na vontade de Deus, encontrando descanso para a alma em Cristo.
Na graça, encontramos a verdadeira paz e nela descansamos, sem ter mais a necessidade de tentar a transferência de culpa. Não precisamos mais de justificativas porque fomos justificado por Cristo: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1).
Quando nos vem a tentação de usar a válvula de escape da transferência de culpa, temos que fazer o que o apóstolo João ensinou: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. (1Jo 1.9).
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