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Uma mensagem aos pais

Foto do escritor: Fabiano AlmeidaFabiano Almeida

Escrevo estas palavras dirigindo-as primeiramente aos distintos colegas de paternidade, homens que, assim como eu, foram agraciados pelo Senhor com o privilégio de serem pais. Grandes bênçãos trazem consigo grandes responsabilidades e quão bom é sabermos que a palavra de Deus não nos deixa a mercê de nossas próprias limitações, mas nos fornece o auxílio e direção que tanto necessitamos como pais que servem e amam ao Senhor. Meu desejo é aplicar a vida de nós pais as lições que encontramos na narrativa do reinado de Acabe, o sétimo rei das dez tribos do Norte após a divisão do reino. Há ali lições preciosas em relação ao cuidado que nós homens devemos ter quanto ao nosso proceder, a fim de preservar não somente nossa própria vida, mas também de nossa família. Olharemos para Acabe em sua posição de liderança do reino do norte em Israel, sobre quem pesava o direcionamento da nação, mas que, por suas fraquezas, acabou por trazer grande mal a nação, a si mesmo e a sua própria família. Ao fim desta exposição sobre a vida deste rei é desejoso que estejamos prontos a reconhecer a necessidade de que cada homem deve assumir e exercer sua função de líder no lar na mais completa dependência do Senhor.


Infelizmente, o reinado de Acabe é apontado nas Escrituras como o pior entre os reis de Israel “E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele. Também Acabe fez um ídolo; de modo que Acabe fez muito mais para irritar ao Senhor Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (1 Reis 16.29). Como rei Acabe tinha o dever de depender e ouvir a instrução do Senhor em todas as suas decisões, uma vez que ele não era ignorante quanto aos feitos de Deus no passado da nação. Porém, Acabe resolveu tomar outro caminho, mesmo que tenha contado com o privilégio, durante seu reinado, de ter o ministério do profeta Elias como seu contemporâneo. A manifestação da rebeldia de Acabe é apresentada de forma clara nas Escrituras “E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele” (1 Reis 16.30). Ao dizer que ele fez “o que erra mau aos olhos do Senhor”a Bíblia ressalta a rebeldia de seu coração, manifesta em fazer aquilo que era sua vontade, desafiando assim diretamente a autoridade de Deus. A seus atos de rebeldia Acabe acrescentou o casamento com uma mulher pagã “E sucedeu que (como se fora pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate) ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou”(1 Reis 16.31). O pecado de Jeroboão citado aqui foi estabelecer a idolatria pagã em meio as dez tribos do norte, a fim de mantê-las sobre seu comando. O casamento de Acabe com Jezabel tinha fins políticos, uma vez que Etbaal, pai de Jezabel, era o monarca da Fenícia, que consolidou seu reino através do homicídio contra seus adversários, demonstrando ser um homem ímpio e sanguinário. Seu casamento tinha por finalidade ratificar a aliança entre Israel e Tiro, a fim de fortalecer-se contra a ameaça dos sírios de Damasco. Tal ato teve suas consequências, como bem nos é narrado em 1 Reis 21 “Porém ninguém fora como Acabe, que se vendera para fazer o que era mau aos olhos do Senhor; porque Jezabel, sua mulher, o incitava. E fez grandes abominações, seguindo os ídolos, conforme a tudo o que fizeram os amorreus, os quais o Senhor lançou fora da sua possessão, de diante dos filhos de Israel” 1 Reis 21.25,26). A expressão “se vendera”significa que Acabe escolheu satisfazer seus desejos pecaminosos, mesmo que esses desejos o fizessem pagar um alto preço. Ao dizer que Jezabel “o incitava”, não significaque ela era a culpada dos erros de Acabe, mas que ela era a incentivadora de seus desejos pecaminosos. Deus havia lançado fora as “abominações”, porém Acabe as trouxe de volta, de forma quer a idolatria se expandiu livremente em Israel. Sua mulher Jezabel continuou a praticar de forma desenfreada em Israel a idolatria que praticava na casa de seu pai, e Acabe não foi capaz de controlar o problema que ele próprio criou. O primeiro e mais grave pecado que encontramos em Acabe foi sua prepotência


Porém, encontramos em Acabe um segundo e igualmente terrível mal, a autopiedade. No Capítulo 21 de 1 Reis é narrada a tentativa de Acabe em comprar a vinha que pertencia a um homem chamado Nabote “Então Acabe falou a Nabote, dizendo: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está vizinha ao lado da minha casa; e te darei por ela outra vinha melhor: ou, se for do teu agrado, dar-te-ei o seu valor em dinheiro” (1 Reis 21.2). A razão pela qual Nabote negou-se a realizar o negócio era baseada na lei mosaica, que proibia que a herança de uma família fosse negociada de forma permanente, como ele mesmo deixa claro ao rei, “Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o Senhor de que eu te dê a herança de meus pais” (1 Reis 21.3). Acabe não poderia possuir aquela vinha, simplesmente porque a lei do Senhor não permitia, porém sua reação a esta negativa foi pecaminosa e negativa “Então Acabe veio desgostoso e indignado à sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara, quando disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão” (1 Reis 21.4). A palavra desgostoso usada aqui tem o sentido de amuado, ressentido. Já o termo indignado significa furioso, de mau humor, demonstrando que Acabe reagiu a negativa de Nabote como uma criança reage diante do não. Ele era dono de uma grande extensão de terra, porém estava frustrado por uma mísera vinha. Diante da impossibilidade de satisfazer sua vontade, Acabe se queixa a uma pessoa sabidamente sem limites “Porém, vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que há, que está tão desgostoso o teu espírito, e não comes pão? E ele lhe disse: Porque falei a Nabote, o jizreelita, e lhe disse: Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, te darei outra vinha em seu lugar. Porém ele disse: Não te darei a minha vinha. Então Jezabel, sua mulher lhe disse: Governas tu agora no reino de Israel? Levanta-te, come pão, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jizreelita”(1 Reis 21.5 a 7). Acabe fez isso de forma consciente, ele sabia do que Jezabel era capaz, pois ela era filha de um homem sanguinário. Assim, a autopiedade de Acabe o levou a completa passividade, ao abandono de seu posto de líder, de homem, demonstrando ser um homem imaturo e fraco.


O terceiro pecado que encontramos em Acabe é sua omissão, uma vez que Acabe permitiu que Jezabel usasse de sua autoridade para fins injustos, como nos é narrado “Então escreveu cartas em nome de Acabe, e as selou com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade e habitavam com Nabote” (I Reis 21.8). Devemos entender que todo documento escrito em nome do rei e selado com seu sinete deveria ser cumprido literal e imediatamente. Assim, Acabe consentiu que sua autoridade fosse usada para um intento maligno, fornecendo também os meios a fim de que o mal fosse praticado, como lemos em 1 Reis capítulo 21 “E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo. E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que morra” (1 Reis 21.9,10). Acabe consentiu com os planos de Jezabel mesmo sabendo o resultado, permitindo assim que um homem inocente morresse “Então vieram dois homens, filhos de Belial, e puseram-se defronte dele; e os homens, filhos de Belial, testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade, e o apedrejaram, e morreu” (1 Reis 21.13). Notemos que tudo ocorreu sem sua intromissão, foi como se não houvesse um rei em casa, pois em momento algum vemos Acabe protestando ou se levantando contra o que sua esposa estava fazendo, pelo contrário, ele se alegrou com tudo aquilo “E sucedeu que, ouvindo Jezabel que já fora apedrejado Nabote, e morrera, disse a Acabe: Levanta-te, e possui a vinha de Nabote, o jizreelita, a qual te recusou dar por dinheiro; porque Nabote não vive, mas é morto. E sucedeu que, ouvindo Acabe, que Nabote já era morto, levantou-se para descer para a vinha de Nabote, o jizreelita, para tomar posse dela” (1 Reis 21.15,16)


Tão importante quanto os bons exemplos de homens de Deus nas Escrituras são os exemplos de homens que falharam miseravelmente quanto a sua responsabilidade, e Acabe está entre eles. Dentre tantos maridos e pais poucos foram tão vergonhosos como Acabe. Primeiro, ele conhecia a lei do Senhor, e não temia desobedece-la, assim como muitos homens hoje que, mesmo conhecedores da verdade, tomam caminhos contrários a ela. Tais homens devem ler com atenção a firme exortação que encontramos na epístola de Tiago “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito”(Tiago 1.22 a 25). Da mesma forma a autopiedade de Acabe encobriu a seus olhos seus próprios e graves pecados. A autopiedade faz com que bons homens se tornem relapsos quanto a suas obrigações como filhos de Deus, como maridos cristãos e como pais responsáveis. Ter pena de si mesmo produz homens que olham para si mesmos como vítimas e não como responsáveis pelo seu lar, abrindo as portas ao mal que o apóstolo Pedro nos alerta em sua primeira epístola “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão bramando, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo”(1 Pedro 5.8,9). Finalmente, o mal da omissão acabou por enfraquecer fatalmente a liderança de Acabe. É inadmissível a um líder de seu lar fornecer os meios para que a palavra de Deus seja desobedecida debaixo de sua autoridade. Se sua casa, seu veículo, seu dinheiro foram consagrados ao Senhor eles não podem ser usados para nada além disso, seguindo o princípio ensinado por Paulo em sua epístola aos salvos em Roma “Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação” (Romanos 6.19). Nenhum homem deve vender o grande privilégio de liderar seu lar nos caminhos do Senhor, como fez o mau rei “E disse Acabe a Elias: Já me achaste, inimigo meu? E ele disse: Achei-te; porquanto já te vendeste para fazeres o que é mau aos olhos do Senhor” (1 Reis 21.20)


Porém, está triste narrativa termina com uma demonstração da misericórdia de Deus para com um homem fraco. Começando pelo fato que o Senhor permitiu que Elias exortasse a Acabe sobre as consequências de seu pecado “Eis que trarei mal sobre ti, e arrancarei a tua posteridade, e arrancarei de Acabe a todo o homem, tanto o escravo como o livre em Israel; e farei a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nebate, e como a casa de Baasa, filho de Aías; por causa da provocação, com que me provocaste e fizeste pecar a Israel. E também acerca de Jezabel falou o Senhor, dizendo: Os cães comerão a Jezabel junto ao antemuro de Jizreel. Aquele que morrer dos de Acabe, na cidade, os cães o comerão; e o que morrer no campo as aves do céu o comerão”(1 Reis 21.21 a 24). Esta dura repreensão foi recebida por Acabe com humildade, de forma a conduzi-lo ao arrependimento “Sucedeu, pois, que Acabe, ouvindo estas palavras, rasgou as suas vestes, e cobriu a sua carne de saco, e jejuou; e jazia em saco, e andava mansamente. Então veio a palavra do Senhor a Elias tisbita, dizendo: Não viste que Acabe se humilha perante mim? Por isso, porquanto se humilha perante mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho trarei este mal sobre a sua casa” (1 Reis 21.27 a 29). Note que o Senhor não retirou de todo a sua mão sobre a família de Acabe, uma vez que seus filhos não demonstraram o mesmo arrependimento de seu pai, sofrendo então as consequências da rebeldia que foi iniciada por ele.


Há duas verdades preciosas aqui. Primeiro, que todos nós homens devemos estar atentos as más consequências do pecado da prepotência, da autopiedade e da omissão. Tais pecados acabarão por destruir nosso lar, trazendo duras consequências sobre nossos filhos. Mas há também aqui uma promessa preciosa de esperança, uma vez que, se tais pecados estão presentes em nossa vida, o sincero e completo arrependimento é a porta concedida pelo Senhor a fim de nos tirar deste tão grande mal.


Portanto, confie no Senhor!


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Fabiano F. Almeida

Pastor no Templo Batista Maranata em Goiânia GO

YouTube com o título “HOMENS DE DEUS”.


Ouça o devocional diário “A BÍBLIA VOS DIZ” transmitido diariamente pela Rádio BBN de segunda a sexta às 13h e 20h e aos sábados e domingos ás 13h30 e 20h30.


Blog teologiapragente.blogspot.com e no Podcast Teologia pra Gente








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