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A conquista de Canaã


Textos centrais: Gênesis 12:5-7; Josué 1:6,7

 

INTRODUÇÃO

 

Estudar a história da conquista de Canaã pelos israelitas, a princípio sob a liderança de Josué e, mais tarde, principalmente sob a monarquia davídica, serve-nos de alento espiritual por ver a ação de Deus na história do seu povo, de como o Deus em quem cremos é poderoso e fiel para cumprir suas promessas.

 

Ao final da conquista e assentamentos das tribos em suas respectivas áreas, o próprio Josué reconheceu que Deus era fiel, dizendo: “E eis que vou hoje pelo caminho de toda a terra; e vós bem sabeis, com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma, que nem uma só palavra falhou de todas as boas coisas que falou de vós o Senhor vosso Deus; todas vos sobrevieram, nenhuma delas falhou” (Josué 23:14).

 

Até hoje nosso Deus tem sido fiel para com sua Igreja e o seu povo de Israel (Hb 13.8), como veremos neste artigo.  

 

2 A TERRA PROMETIDA A ABRAÃO

 

A conquista da “terra que mana leite e mel” (Êx 3.8; Dt 26.9; Sl 105.7-11) sempre esteve envolvida em muitas batalhas, sejam bélicas, sejam judiciais ou diplomáticas. Não resta a menor dúvida de que aquela região, habitada pelos antigos cananeus, tenha sido dada a Abraão e à sua descendência. Nas páginas do Novo Testamento, Canaã é referida como Terra de Israel (Mt 2.20-21), Terra da Judeia (At 10.39) e Terra da Promessa (Hb 11.9).

 

O nome de “Canaã” estende-se entre Gaza ao sul e Hamã no norte, ao longo da costa oriental do Mediterrâneo (Gn 10.15-19). Os gregos, em seu comércio com Canaã, durante o primeiro milênio a.C. se referem a seus habitantes como fenícios, um nome que provavelmente teve origem na palavra grega para designar a “púrpura”, uma tintura têxtil de cor avermelhada desenvolvida em Canaã. Já no século XV a.C. o nome “Canaã” se aplicava em geral à província egípcia na Síria ou pelo menos à costa fenícia, um centro da indústria da púrpura. Mais tarde, esta zona se conheceu como Síria e Palestina. A designação “Palestina” tem sua origem no nome “filisteu” (SCHULTZ, 2008).

 

De fato, mais tarde essa região vai ser chamada de Palestina, provavelmente por influência dos invasores filisteus. Filistiim (Palestina) era a palavra usada pelos gregos para designar toda a Canaã (SABBAG, 2004). Segundo Gênesis 10.6, os cananeus são descentes de Canaã, filho de Cão. Habitavam uma vasta região: “E foi o termo dos cananeus desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza; indo para Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa” (Gn 10.19). É provável que a profecia de Noé se refira justamente à conquista dessas terras pelos descendentes de Sem (judeus), em decorrência da maldição de Cão: “E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos. E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” (Gn 9:25-26).

 

Em Gn 12, Deus chama Abrão (mais tarde será chamado de Abraão) para deixar Ur dos Caldeus (hoje Kuwait), sua terra natal, e deslocar-se para outra região que Deus lhe mostraria. Deus prometeu-lhe abençoar e que ele seria uma bênção para todas as famílias da terra. Abraão, então, juntamente com sua família, partiram para a terra de Canaã e se estabeleceram em Siquém, perto do carvalho de Moré (Gn 12.1-6). E, em seguida, “apareceu o Senhor a Abrão, e disse: À tua descendência darei esta terra. E edificou ali um altar ao Senhor, que lhe apareceu” (v.7).

 

Vê-se, portanto, que essa região, demarcada pelo próprio Deus, por direito divino, foi cedida ao povo de Israel.

           

3 CONQUISTA E POSSE DA TERRA

 

Após 400 anos de cativeiro egípcio, Deus usa Moisés para libertar o seu povo e concretizar, assim, sua promessa feita aos patriarcas de Israel. Em sua peregrinação rumo à Terra Prometida, e em decorrência de sua rebelião contra Deus e seu servo Moisés, o povo passa 40 anos circulando pelo deserto do Sinai. Poderia ter atravessado os 200 km até a nova terra em cerca de 40 dias (Hb 3.7-11). Toda aquela geração murmuradora, obstinada e desobediente caiu no deserto e não entrou na Terra Prometida. 

 

Eber Cesar (2017) destaca que Israel levou sete anos para conquistar Canaã. Incluindo a conquista e sua respectiva divisão entre as tribos, Shultz (2008) estabelece cerca de 25 a 30 anos. Moisés comandou a conquista das terras a leste do Jordão, e Josué os reinos do lado ocidental do Jordão. Algumas cidades e áreas somente seriam tomadas posteriormente por alguns heróis nacionais. Moisés, assim, cumpriu sua missão, levando o povo até a fronteira da terra Prometida, nas campinas de Moabe, defronte de Jericó, onde veio a falecer com 120 anos de idade (Dt 34.1-7).

 

Josué era filho de Num, da tribo de José. Moisés o escolheu para ser seu assistente ainda quando Josué era jovem (Ex 24.13; 33.11; Js 1.1). Seu primeiro nome era Oseias (Nm 13.8), mas Moisés mudou para Jehoshua (“Javé é a salvação”), ou de forma reduzida: Jeshua (Nm 13.16).

 

Moisés reconhece que seu ministério chegara ao fim. Ele convoca a todo o Israel e nomeia Josué seu sucessor: “Esforça-te e anima-te; porque com este povo entrarás na terra que o Senhor jurou a teus pais lhes dar; e tu os farás herdá-la” (Dt 31.7). Após a morte de Moisés, o povo reconheceu o chamado de Josué, a quem “Moisés impôs sobre ele as mãos” (Dt 34.9).

 

Deus confirma a liderança de Josué ao abrir as águas do rio Jordão, defronte de Jericó: “E o Senhor disse a Josué: Hoje começarei a engrandecer-te perante os olhos de todo o Israel, para que saibam que, assim como fui com Moisés, assim serei contigo” (Js 3.7). De forma sobrenatural, Josué derrota a inexpugnável Jericó: “A miraculosa conquista de Jericó foi uma convincente demonstração para os israelitas de que seus inimigos podiam ser vencidos” (SCHULTZ, 2008, p. 60). E, de fato, assim aconteceu. Josué manifestou-se como extraordinário estadista, comandando uma das mais bem sucedidas campanhas militares de toda a história de Israel.

 

Após tomar a cidade de Jericó, e conquistar grande parte das cidades, tanto ao sul como ao norte da Palestina, Josué extermina toda a sua população, como se registra em Josué 11.12: “E Josué tomou todas as cidades destes reis, e todos os seus reis, e os feriu ao fio da espada, destruindo-os totalmente, como ordenara Moisés servo do Senhor”. Em seguida Josué permitiu às tribos de Rubem, Gade e a meia tribo de Manassés a ocupar as terras ao leste do Jordão e repartiu com as restantes nove tribos e meia os reinos conquistados do lado ocidental do Jordão (Js 13.7-8), conforme se pode ver na Fig. 1. A tribo de Levi, separada para o sacerdócio, não recebeu território, mas somente cidades (Js 13.7-8; 14.1-5; Js 21 e I Cr 6.54-81. Calebe e o próprio Josué́ receberam cada um uma cidade (CESAR, 2017).

 

Por que havia a necessidade de destruir todo aquele povo? A primeira resposta que damos vamos encontrar na Bíblia Missionária de Estudo (2014): “O mundo antigo entendia que as nações haviam sido criadas pelos deuses como prova viva dos seus poderes. Josué é a história da chegada do reino ou do governo de Deus a este contexto e suas crenças. Logo, a derrota dos cananeus foi um testemunho ao mundo de que o Deus de Israel era o único e verdadeiro Deus criador e, por isso, era soberano sobre o mundo todo”.

 

A segunda resposta a essa pergunta, podemos destacar a questão religiosa pagã e politeísta dos cananeus. "El" era considerado como a principal entre as deidades cananeias. O povo se   referia a ele como "o pai touro", e o   consideravam como seu criador. Asera era a esposa de El. Nos dias de Elias, Jezabel patrocinou quatrocentos profetas de Asera (1 Reis 18.19). O rei   Manassés colocou sua imagem no templo (2 Reis 21.7). Como chefe principal entre setenta deuses e deusas que eram considerados como filhos de El e Asera, estavam Baal, que significativa "senhor". Reinava como rei dos deuses e controlava o céu e a terra” (SCHULTZ, 2008).

 

Finalmente, outro fator grave tinha a ver com o caráter moral deles, pois a moralidade pública do povo era extremamente baixa. A brutalidade e a   imoralidade nas histórias e relatos a respeito de tais deuses são piores que de   qualquer outra achada no Próximo Oriente. Nos dias de Josué, praticavam   o   sacrifício de crianças, a prostituição sagrada, e o culto da serpente em seus rituais e cerimônias com a religião. Sua civilização degenerou sob tão desmoralizadora influência que Moisés encarregou solenemente a seu povo de destruir os cananeus, e não só castigá-los por sua iniquidade, senão para   prevenir o povo escolhido de Deus da contaminação (Lv 18.24-28; 20-23; Dt 12.31; 20.17- 18) (SCHULTZ, 2008).

 

4 A PROMESSA DE DEUS PARA O FUTURO

 

Após a conquista da Terra Prometida, Israel enfrentou diversas guerras contra outras nações, chegando ao auge com a dispersão do Reino do Norte em 722 a.C. pelos assírios e do cativeiro babilônico de Judá em 586 a.C., como se diz em 2 Crônica 36.19-21:

E queimaram a casa de Deus, e derrubaram os muros de Jerusalém, e todos os seus palácios queimaram a fogo, destruindo também todos os seus preciosos vasos. E os que escaparam da espada levou para babilônia; e fizeram-se servos dele e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia. Para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da assolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram.

 

Retornaram e reconstruíram a cidade sob o comado de Esdras e Neemias. Na época de Jesus, ele profetizou que Jerusalém cairia e o templo, que era o centro de referência religiosa judaica, seria destruído (Mt 24.2). Em 8 de setembro do ano 70, as tropas romanas do general Tito tomaram a cidade de Jerusalém e incendiaram o templo e seus habitantes foram deportados como escravos. Israel mais uma vez perdeu a sua terra natal, dispersando-se por quase dois mil anos, espalhados entre todas as nações. 

 

As profecias precisavam ser cumpridas acerca do retorno de Israel para sua terra: “Assim diz o Senhor: Eis que farei voltar do cativeiro as tendas de Jacó, e apiedar-me-ei das suas moradas; e a cidade será reedificada sobre o seu montão, e o palácio permanecerá como habitualmente” (Jr 30:18); “E vos tomarei dentre os gentios, e vos congregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra” (Ez 36:24); “E há de ser que naquele dia o Senhor tornará a pôr a sua mão para adquirir outra vez o remanescente do seu povo, que for deixado, da Assíria, e do Egito, e de Patros, e da Etiópia, e de Elã, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar. E levantará um estandarte entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra” (Is 11:11-12). Como Deus é fiel e não esquece de suas promessas, eis que no Séc. XX ele traz de volta o seu povo “de todas as terras”, “desde os quatro confins da terra”.

 

O cumprimento dessas promessas começou a acontecer com o movimento sionista liderado pelo Dr. Theodore Herzl em 1897. Herzl desenvolveu uma série de congressos sionistas para descobrir meios de criar uma terra natal para os judeus na Palestina. Pouco se conseguiu através desses congressos até que o General inglês Allenby conquistou a Palestina como parte do plano dos Aliados durante a Primeira Guerra Mundial. Por muitos anos, a Turquia dominava a Palestina, que era contrária a Israel (WOOD, 1973).

 

Com o controle da terra da Palestina por um governo simpático ao Sionismo, muitos judeus do mundo inteiro começaram a retornar à Palestina, Em 1948, quando ocorreu a Palestina já contava com 650 mil judeus. No dia 29 de novembro de 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprova a divisão da Palestina em dois estados: um judeu e outro árabe.  Enquanto as tropas britânicas deixam a Palestina, grupos sionistas agem para organizar logo o Estado judeu. Em 14 de maio de 1948, o presidente da Agência Judia para a Palestina, David Ben-Gurion, anuncia a formação de Israel. As profecias bíblicas, assim, tornaram-se realidade (WOOD, 1973).

 

5 CONCLUSÃO

 

O moderno estado de Israel agora é uma realidade, sendo um dos países mais importantes e poderosos do Oriente Médio. Essa é uma prova incontestável de que Deus não esquece de suas promessas! O nosso Deus é fiel e poderoso para cumprir o que promete a seu povo.

 

Pr. Carlos Magno Vitor da Silva


REFERÊNCIAS

 

A BÍBLIA Sagrada. Edição Almeida, Corrigida, Fiel (ACF). São Paulo: SBTB, 2007.

A BÍBLIA Sagrada. Bíblia missionária de estudo. Barueri, SP: SBB, 2014.

CESAR, Eber.Terra prometida, terra conquistada. Ultimado online, 2017.  Disponível em:<https://www.ultimato.com.br/conteudo/terra-prometida-terra-conquistada>. Acesso em: 04 jun. 2020.

INSTITUTO PARACLETO. Juízes, uma proposta de governo moderna entre as nações. [2010]. Disponível em:<https://institutoparacleto.org/2010/02/21/juizes-uma-proposta-de-governo-moderna-entre-as-nacoes/>. Acesso em: 04 jun. 2020.

SABBAG, David. Conrado. Dicionário bíblico. São Paulo: DCL, 2004.

SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento 2008. Disponível em: <https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2010/10/canaa-na-historia-de-israel. html>.  Acesso em: 06 jun. 2020.

WOOD, Leon J. A Bíblia e os eventos futuros. São Paulo: Candeia, 1973.

 

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