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Aconselhamento bíblico e psicologia, há um diálogo possível?

Palavras-chave: aconselhamento bíblico, Jay Adams, pastores, psicologia, psicanálise, vida cristã.

 

Autor: Pr. Fabiano Almeida

 

Uma decisão tomada após anos de reflexão

 

No início do ano de 2024 coloquei em prática um propósito acalentado já há algum tempo, cursar a graduação em psicologia. Esta decisão tem forte influência da leitura e releitura das obras de Jay Adams, ao que tenho me dedicado nos últimos 25 anos, e que me forneceram uma base bíblica consistente para o ministério de aconselhamento bíblico. Apesar de seu grande valor para a prática do aconselhamento bíblico as obras de Adams, em sua maior parte escritas há cinco décadas, não compreendem todo o escopo e necessidades do ministério de aconselhamento bíblico, há lacunas que foram sendo preenchidas por outros autores nas décadas seguintes e outras questões que ainda necessitam ser melhor desenvolvidas. Porém, o reconhecimento destas lacunas não justifica minha escolha de cursar a graduação em psicologia ou representa uma tentativa de buscar na psicologia respostas que ainda busco a respeito dos processos e efeitos da experiência humana. Em meu primeiro dia de aula o professor, para minha surpresa também pastor batista, porém de outra denominação, nos questionou quanto a razão pela qual havíamos ingressado no curso, oportunidade que usei a fim de me identificar como pastor diante da classe e expor de forma sucinta que minha principal motivação não era uma futura carreira como psicólogo, mas sim a busca por conhecimento, sem especificar, por questão ética, a que conhecimento me referia. E assim iniciei esta jornada, que agora adentra ao quarto de dez períodos da graduação em psicologia.

 

Experiências no aconselhamento bíblico

 

Nestes anos de prática no aconselhamento bíblico, como também em cursos acadêmicos e na troca de experiências com colegas pastores que também são conselheiros bíblicos, vi e ouvi uma variedade de posicionamentos quanto as questões mentais e emocionais experimentadas também pelos salvos em Cristo. O sofrimento de ordem psíquica tem recebido, por parte de líderes espirituais, uma vasta gama de interpretações, por vezes contraditórias entre si. Questões reais e presentes em nosso meio, como o suicídio, por sua vez, acabam não recebendo o devido cuidado que requerem. A confusão entre sintomas, se físicos ou espirituais, como tratado na obra Depressão Espiritual, de Martin Lloyd-Jones, tem se apresentado como uma área de grande conflito no ministério de aconselhamento bíblico, causando uma cisão entre companheiros de armas que deveriam seguir um caminho comum, sem tirar seus olhos da verdade em Cristo. As enfermidades mentais são uma realidade também entre o povo de Deus, o que não é fato novo, assim como a dificuldade dos salvos em reconhecer e tratar desta questão em seu meio. Patologias como a esquizofrenia acabam por atingir tanto salvos como incrédulos. Síndromes de toda espécie são encontradas em meio ao rebanho de Cristo, causando sofrimento a famílias e igrejas, o que não é desejável que ocorra.

 

A influência da psicologia no exercício do aconselhamento bíblico

 

Ao olhar para esta questão pelos olhos da saúde mental, presenciamos nos últimos anos uma alteração na classificação do diagnóstico de transtornos, de forma que transtornos que antes abarcavam um grande número de sintomas debaixo de um mesmo diagnóstico foram subdivididos em diversas patologias, introduzindo em nosso meio termos como borderline, bournout, TOC, TOD, TDAH e muitos outros, desconhecidos das gerações anteriores, de forma que não é incomum que tais diagnósticos sejam recebidos com certo ceticismo, inclusive pelos salvos em Cristo. A área do aconselhamento bíblico tem sido especialmente afetada pela concessão de tais diagnósticos, não sendo incomum que conselheiros bíblicos sejam interpelados por aqueles que são aconselhados como se não pudessem ser responsabilizados por seus atos, em sua maioria pecaminosos, uma vez que estavam debaixo da salvaguarda de um laudo concedido por um psicólogo ou de um diagnóstico concedido por um psiquiatra. Laudos e diagnósticos, as vezes imprecisos, acabam por servir de justificativa científica a práticas pecaminosas, inclusive o adultério e a pornografia, afetando a criação e educação de crianças mesmo em lares ditos cristãos. Soma-se a este quadro o número cada vez maior de líderes religiosos que buscam na psicologia, na psicanálise e nas medicações psiquiátricas, uma ferramenta capaz de atender aos anseios de uma geração impaciente e ansiosa por alívio imediato de seus males, mesmo que não saibam sua exata origem. Como já alertava Jay Adams em sua obra Conselheiro Capaz, o cuidado com a alma é assim transferido do pastor e conselheiro bíblico ao profissional de saúde mental, psicólogo, psicanalista ou psiquiatra.

 

O que Adams previa aconteceu

 

No início deste artigo citei que minha decisão de cursar a graduação em psicologia se deve a influência das obras de Jay Adams. É importante esclarecer que nunca encontrei nas obras de Adams alguma diretriz a que pastores cursem a graduação em psicologia. Pelo contrário, Adams é um fervoroso defensor da suficiência das Escrituras no aconselhamento. O que tenho experimentado no ministério de aconselhamento bíblico é a crescente aceitação por parte dos filhos de Deus tanto da psicologia como da psicanálise como ferramentas capazes de lidar com seus problemas sem que isto influencie sua fé em Cristo. A maior parte dos salvos em Cristo que busca na psicologia auxílio a seus males não possui qualquer conhecimento sobre a base teórica da abordagem psicológica a que será submetido, assim como pastores que se utilizam da psicanálise no tratamento dos males emocionais de seu aconselhando parecem ignorar a origem e pressupostos desta abordagem. Há ainda um movimento liderado por psicólogos cristãos que busca integrar a psicologia moderna e a fé cristã, enquanto outros, na mesma linha, elaboram a formação de uma psicologia cristã com base em suas próprias pesquisas e metodologia cristãs, não dependente dos pressupostos psicológicos utilizados por psicólogos descrentes. O que Jay Adams alertava a mais de cinco décadas tornou-se real em nossa geração, a desvalorização do aconselhamento bíblico em prol de abordagens humanistas e baseadas em pressupostos darwinianos, sem que isto aparentemente cause maiores preocupações por parte de pastores e membros de igrejas fundamentadas no evangelho de Cristo.

 

O que encontrei até aqui

 

Já citei que meu objetivo ao cursar a graduação em psicologia não é o exercício da profissão de psicólogo, apesar de que a graduação abre portas para áreas de trabalho para além daquilo que normalmente se pensa ser o trabalho de um psicólogo. Tenho um filho com autismo e a graduação tem me capacitado a entender e intervir em suas dificuldades de uma forma que até aqui eu não havia conseguido. Da mesma forma aquilo que tenho aprendido na faculdade tem me proporcionado um olhar mais acurado para com as questões que encontro nas igrejas, desde dificuldades cognitivas e comportamentais em crianças e adolescentes aos problemas enfrentados pelos idosos. A graduação em psicologia tem sido útil ao pastorado? Sim, porém com uma importante ressalva: é inegável que a Psicologia possui, como resultado de décadas de observação do comportamento humano e das patologias que o acompanham, um grande acervo de conhecimento a respeito dessas questões. O que a Psicologia não possui são respostas adequadas à maioria dessas condições humanas. É preciso entender que a psicologia trata de problemas decorrentes da condição humana, não de pecados. A psicologia é útil em questões que versam da educação ao tratamento de condições como o autismo e outras síndromes, mas incapaz de resolver questões espirituais que devem ser tratadas unicamente com base na palavra de Deus. Ocorre com a psicologia o mesmo que se dá com as medicações psicotrópicas, que foram formuladas a fim de permitir uma janela de alívio a sintomas psíquicos de forma que a pessoa consiga vencer suas crises, mas que usadas de forma indiscriminada, não resolvem o problema, antes, lidam com os sintomas sem lidar com aquilo que o causa. A psicologia não possui o poder de lidar com a causa de nosso real problema, o pecado, uma vez que aqueles que a formulam não creem na existência e poder do pecado como parte constituinte do ser humano.

 

O propósito a partir daqui

 

Nos últimos anos tenho encontrado alguns líderes batistas fundamentalistas que tem se posicionado quanto as questões levantadas acima, mas ainda há muitas outras que necessitam de um posicionamento claro e alicerçado nas Escrituras. Nos próximos artigos pretendo versar a respeito de assuntos como a base teórica das abordagens utilizadas por psicólogos, a prática tanto da psicologia como da psicanálise por pastores, o diagnóstico de síndromes como o TDAH e sua influência na criação e educação de filhos e outros assuntos de digam respeito à influência das abordagens e pesquisas psicológicas na vida cristã.

Sua intercessão neste propósito é bem-vinda!

__________________________

Pr. Fabiano Almeida

Templo Batista Maranata

Goiânia GO

 

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