Apenas uma botija
- Suenia Araujo
- 2 de jun.
- 5 min de leitura
“A nenhuma viúva nem órfão afligireis. Se de algum modo os afligires, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor”.
(Êxodo 22.22-23)
A Lei recomendava a caridade do povo para com as viúvas, juntamente com os órfãos e os estrangeiros. (2 Reis 4.1-7). A viúva de um profeta ficava ainda mais exposta a passar dificuldades, pois os profetas eram muito pobres na época. Eles estavam preocupados em buscar as coisas de cima. Os profetas não pensavam na vida secular, a não ser em vivê-la por meio da espiritualidade e do entendimento acerca de Deus e da sua vontade.
A lei israelita permitia, como forma de proteção ao credor, que se tomassem os filhos dos devedores, para que trabalhassem até que a dívida fosse paga.
Mas em Deuteronômio 15.1-18, há uma ressalva para que isto não fosse feito em tempos de fome ou grandes necessidades.
As pessoas que viviam na pobreza tinham uma vida muito dura. Eles tinham que enfrentar a desesperança todos os dias. Coisas simples como comida e roupas faziam a diferença entre vida e morte. E os problemas da viúva foram multiplicados com a morte de seu marido, deixando dívidas que ela não podia pagar. E é fato que esta pobre mulher vem a Eliseu, logo após a guerra entre os reis de Israel (reino do Norte) e de Judá (reino do Sul), contra o rei dos moabitas. A morte e pobreza extrema estão comumente ligados às misérias da guerra.
Geralmente o tipo de pedido que a viúva fez a Eliseu, era direcionado ao rei, a autoridade judicial suprema do país. Porém como a Lei não proibia a tomada dos filhos pelo credor, e como era algo já culturalmente aceito (até nas demais nações em redor de Israel, de acordo com o código de Hamurabi, artigo 117), a viúva não viu outra saída, a não ser clamar pela misericórdia divina. “Comunicai com os santos nas suas necessidades, ...” Romanos 12.13”. Tu sabes que teu servo temia ao senhor”. É incrível o profundo testemunho que esta mulher dá a respeito do seu falecido marido. Ela veio a Eliseu demonstrando muito respeito e humildade. Com seu coração quebrantado, chama-o de Senhor, pois sabia que o seu pedido se dirigia a Deus, através do seu profeta.
A viúva em suas palavras, estava dizendo apenas uma verdade para Eliseu e não uma reclamação. Ela fala do fato inegável de que Eliseu conhecia a lealdade com que seu falecido marido servia a Deus. Ela o relembra da vida piedosa que seu marido teve, e na sua extrema necessidade, apenas apresenta a sua causa ao homem de Deus e ao próprio Deus. A causa dela era justa, não pedia por riqueza, ou que Eliseu descumprisse a Lei, mas queria apenas um livramento, pela vida de seus filhos. A forma como fala, demonstra a sua grande fé. Perceba que ela não pede nada a Eliseu, mas apenas deixa-o ciente da sua miséria, ou seja, ela confiava que Deus sabia o que era melhor para a sua família. Ela se colocou totalmente debaixo da providência divina.
É fato que se Eliseu havia atendido a pessoas importantes como os reis de Israel e os capitães dos seus exércitos, assim também, ele da mesma forma não deixaria de ouvir o clamor de uma pobre viúva. Deus não abandona aqueles que lhe são fiéis. Deus é fiel na vida e na morte, e promete proteger até os filhos dos filhos de milhares daqueles que o amam e o obedecem.
“E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos” Êxodo 20.6.
A viúva apresentou e entregou o seu caso nas mãos de Deus, correu para o abrigo certo, e descansou em Deus. E logo veio a resposta divina. Então Eliseu perguntou o que a viúva tinha em sua casa, para que Deus usasse em seu socorro. “E Eliseu lhe disse: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa. E ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite” 2 Reis 4.2. Eliseu, como homem de fé, que enxergava o sobrenatural, discerniu rapidamente o que Deus queria realizar antes mesmo que ela terminasse de falar.
A viúva via uma pequena botija com azeite, mas Eliseu contemplava o sustento, a benção e uma grande abundância na casa daquela pobre viúva.
Como aquela mulher, precisamos apresentar diante de DEUS, o que temos e pedir que Ele nos ajude a como usar para Sua glória. Às vezes pode ser uma pequena botija que precisa ser cheia de paciência ou perseverança, otimismo, ou habilidades que parecem não ser tão importantes, mas se você tem zelo, diligência e amor no que faz, haverá uma botija cheia para abençoar outros. O que tens na tua botija? Que podes oferecer a Deus para que Ele use em teu favor e dos outros?
O milagre na hora certa, é a atuação de Deus, em resposta a um rogo, uma necessidade, uma cura, uma reconciliação. Assim Deus usou Eliseu para ir ao encontro daquela mulher. Este era o livramento que o Senhor havia preparado para a viúva e seus filhos. Deus não desampara os seus servos, jamais! O azeite da viúva foi aumentado milagrosamente, com abundância, na medida certa, o óleo não parou enquanto ainda haviam vasos vazios. Isso é milagre!
Ela obedeceu a palavra de Deus, foi em busca das vasilhas vazias, não ficou esperando e ainda pôs seus filhos para agir também. Nós precisamos ir também. Nos mover, levantar e incentivar os outros a irem conosco, a espalhar o óleo da alegria de Cristo.
E, seguindo a instrução de Eliseu, ela deveria vender o azeite, pagar a dívida e viver do que sobrasse. A viúva que clamava pela vida de seus filhos, foi atendida para muito além do que pediu ou pensou. “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” Efésios 3:20.
O que você tem em casa? Há momentos em que as circunstâncias nos levam a situações semelhantes à daquela viúva. Horas difíceis, quando achamos que nada mais nos resta na vida. Sempre há uma pequena botija com um pouco de azeite da fé, da esperança da graça do Senhor para aqueles que amam e confiam nas promessas do seu Deus. O azeite é comparado ao Espírito Santo, e Ele habita em você e em mim.
Aprendo nesta passagem, que se ainda houver um pouquinho de azeite na nossa dispensa, Deus poderá usar para nos trazer em caminhos de crescimento e vitórias. Deus pode aumentar esse azeite, de forma inesperada Deus pode mudar nossa sorte, como mudou a de José. Deus era com ele e será conosco. E o que você tem em casa? O que você tem em seu coração? O que você sabe fazer? Às vezes achamos que é pouco, que é desprezível o que sabemos, ou temos. Mas Deus faz coisas grandes com pequenas coisas.
Com a direção do Espírito Santo, esse pouco pode se transformar em abundância. Deus usa as pequenas coisas para confundir as grandes. Deus usa os fracos para confundir os fortes. O seu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Mantenha sua vida de oração, leitura da Palavra e meditação. O pouquinho a cada dia se torna em suprimento para os dias difíceis. Peça, clame, ore, apresente a sua causa a Deus. Confie, faça, realize, não pare de ir à Igreja, não desanime por causa de quem te injuriou ou porque você foi vítima de fofoca ou rejeição. Peça perdão, também perdoe e siga adiante. Jesus sabe de nossas lutas. Ele passou por todas elas e venceu para que soubéssemos que com ele somos mais que vencedores. Portanto permaneça firme e avance, enquanto houver vaso vazio o óleo não vai parar. Trabalhe com dedicação, faça o seu melhor, como para o Senhor. Deus olhou para aquela viúva, Deus olha para nós também. Ele contemplou sua necessidade, sua fé e sua obediência. Deus usou seu servo e Deus quer usar nossas vidas para a benção da providência divina na vida daqueles que precisam.
Suênia Araújo
Campo Grande MS
Comentarios