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Erga os olhos e veja o campo potiguar

Era Abril de 2019. Com dois mapas do Rio Grande do Norte em mãos e alguns adesivos escolhidos pelo Pr. Roberto para marcar propósito e percurso da viagem, saímos de Mossoró, RN por volta das 9h30 (eu, ele e os irmãos Mardônio e Mateus) rumo a Apodi, RN e região. O experiente missionário estava animado com a oportunidade de estar nessa parte do estado visando plantação de mais uma igreja batista regular.


A provisão da “boa mão de Deus” já se mostrou presente assim que pegamos o missionário hospedado na residência do casal Jorge e Geisa. “Olhe, aqui tem 500 contos! Oferta dos japoneses para a obra de Deus!”, disse Pr. Roberto estendendo em minha direção um envelope branco. Os "japoneses" era uma referência a Dona Rute e seu esposo, casal natural do Japão, que mora em Mossoró há décadas administrando investimentos da família no ramo da fruticultura. Dona Rute sempre se mostrou disposta a ajudar com seus bens o ministério desse obreiro.

 

Após uma oração, logo na saída, ao volante, Mardônio compartilha a notícia de previsão de “temporal” segundo a meteorologia. Não seria surpresa caso ocorresse, porque essa semana caíram fortes chuvas em praticamente todas as cidades do oeste potiguar.

 

Enquanto a viagem seguia, uma coletânea de histórias da obra de Deus em Mossoró e cidades vizinhas foram contadas pelo Pr. Roberto, uma memória viva dos esforços evangelísticos dos batistas regulares no RN. Dos seus mais de 70 anos de vida, quase trinta foram como missionário por aqui, acumulando muita experiência com as lutas e vitórias, na fundação de seis igrejas locais, um acampamento e muitas ocasiões de evangelismo em pontos de pregação espalhados por vários municípios potiguares. Assim, o trajeto de ida e volta, tornou-se um grande discipulado cristão, cheio de importantes lições de vida pastoral e trabalho missionário.

 

Durante o percurso, vez ou outra ouvíamos um “meu Deus!”; era o missionário, emocionado, relembrando a paisagem e as pessoas que ele teve contato no passado (anos de 1980). Da janela do carro, avistava e nomeava rapidamente a vegetação que aparecia à beira da estrada. Acostumado com a neve e a temperatura abaixo de zero em Utah, EUA, onde agora morava, o pastor Roberto Franklin estava se regozijando demais, ao ver como o sertão estava verde, as árvores dando frutos, os terrenos arados para a plantação e alguns que já sinalizavam uma colheita farta.

 

Quando chegamos ao município de Apodi, sentimos como seria bom estar com alguém que conhecesse bem a cidade atualmente (para onde está crescendo? Localização de bairros novos? Onde já tem igrejas e quais são elas?). Tentamos o telefone de um conhecido, mas não foi possível o contato.

 

Enquanto isso, escutei a voz rouca e arrastada do Pr. Roberto orando ao Senhor e olhando a cidade, pedindo a Deus que mandasse alguém para nos ajudar a conhecer melhor o “campo”. Deus atendeu aquelas orações feitas dentro do carro, somadas àquelas dos irmãos que ficaram em Mossoró, nos apoiando em oração.

 

Passávamos em frente a um dos prédios históricos da cidade, quando o irmão Mardônio me avisou: “Pr. Charles, esse aí é o prédio da prefeitura, veja como é bonito!”. Além de atestar a opinião dele, vi um rapaz no primeiro andar, numa estreita varanda, tomando um cafezinho. Fazia mais de dez anos o nosso último contato pessoalmente, mas deu para reconhecer. Era um colega de faculdade, natural de Apodi, agora funcionário de confiança na tesouraria municipal. Pedi para Mardônio dá uma parada e fui ao encontro daquele que seria a resposta de Deus às nossas orações.

           

Depois de uns 10 minutos relembrando fatos da universidade, ele se dispôs a ir conosco mostrar o que sabia sobre a cidade. Naquele instante, um entusiasmo radiante estampava o rosto do Pr. Roberto. O funcionário da prefeitura demonstrou conhecer a cidade e seus moradores como a palma da mão. Conversador demais, listou nomes de bairros, de igrejas, pastores, de famílias do passado e do presente. Logo chegou a nomes bem familiares ao Pr. Roberto. De repente, os dois conversavam como se estivessem compondo uma poesia, revezando as palavras, como se fossem estrofes daqueles poetas repentistas no Nordeste.

 

Onde os olhos naturais podem ver somente grande coincidência, Deus nos mostrava Sua maravilhosa providência! O encontro com Adjailson foi uma daquelas “casualidades”, tipo a que aconteceu com Rute, que, “por acaso”, foi colher espigas justamente no campo de Boaz.

Adjailson nos levou por três bairros novos (conjuntos habitacionais com uma média de 200 a 300 residências já ocupadas), também cheios de terrenos sem construções. Um desses terrenos chamou mais nossa atenção; porque além da presença do frondoso cajueiro, bem centralizado, de lá se avistava grande parte da cidade de Apodi. Fora do carro, contemplando a visão panorâmica, Pr. Roberto falou: “Se for da vontade de Deus, aqui vai ser uma futura igreja batista regular”.

 

Terminava de fotografar aqueles terrenos, quando presencie outro diálogo do Pr Roberto, olhando para as pontas dos próprios pés inclinados sobre um paralelepípedo da rua, dizendo ao jovem irmão Mateus: “Quando temos uma piscina não podemos somente colocar o pé. Temos que mergulhar. Vamos mergulhar de cabeça na obra missionária, investindo na plantação de novas igrejas locais, e não somente colocando o pé com receio... Daqui a no máximo duas semanas, quero enviar 1 mil dólares pra vocês providenciarem a planta da futura igreja. Seja onde for, se vai ser aqui em Apodi, em Catolé do Rocha ou outro lugar.”

 

Horas depois, nos despedimos de Adjailson (“nossa Raquel”, intitulou Pr. Roberto, bem humorado, se referindo ao evento bíblico da maneira providencial de Deus soberanamente mostrando uma esposa para Jacó). Em seguida, almoçamos num self-service com vistas para o encantador espelho d’água da lagoa de Apodi. Enquanto saboreava feijão preto, carne de sol e linguiça mista, o missionário apontava para um solitário pescador, que estava numa pequena canoa que parecia escorregar na superfície das águas que, de tão cristalinas, refletia no lago os pés das várias Carnaúbas que se erguem, imponentes as margens da bela lagoa.

 

Na mesa, enquanto comíamos um almoço bem sertanejo, ouvíamos o pastor Roberto recordar a ordem de Deus a Abraão e como aquele servo obedeceu mesmo sem saber para onde ia. Além desse exemplo bíblico, mais uma vez olhando diretamente nos olhos de Mateus, finalizando uma cajuína gelada, o velho missionário fez menção ao momento em que Josué estava prestes a entrar na terra prometida e deveria, literalmente “dar passos de fé” para experimentar a vontade de Deus. Em suma, a lição principal era: confie no Senhor e obedeça à Sua Palavra, o restante será detalhe para Deus! Naquele instante, eu me senti um “Timóteo”, aprendendo com um “Paulo”.

 

Na volta, ainda passamos rapidamente por outras quatro cidades da região, Caraúbas, Campo Grande e Upanema. De cidade em cidade, notava-se nas expressões do Pr. Roberto uma compaixão pelos sertanejos sem Cristo e uma vontade notavelmente marcante de ver “trabalhadores naquela seara” potiguar. Aprendi mais uma lição: quando um coração está cheio de vontade de obedecer a Deus, os olhos facilmente enxergam as oportunidades de servir.


Ao final daquela inesquecível tarde, já estávamos de volta a Mossoró, cansados, porém muito satisfeitos. Quanto ao temporal previsto no início da viagem, lembro que nenhuma gota d’água desceu do céu! Contudo, no que depender das orações e da visão missionária do Pr. Roberto Franklin, “faça chuva ou faça sol”, o sertão nordestino é terreno fértil para semear a Palavra de Deus e os campos potiguares estão prontos para a colheita de almas para Cristo.

 

Hoje, ano 2025, a nossa igreja em Mossoró tem a alegria de enviar para o ministério de plantação de igrejas em Apodi, o obreiro Alan Gomes, com sua esposa Naama e três filhinhos. Rogamos ao Senhor da seara que use esses servos e muitos outros na colheita que tem valor eterno, para a glória de Deus.

 

Pr. Charles Nascimento

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