O tempo de vida e o propósito soberano de Deus
- Edição JA
- 28 de mai.
- 4 min de leitura
Uma das questões mais profundas da existência humana diz respeito à duração da vida. Por que alguns vivem longos anos, enquanto outros partem tão cedo? Para o crente, a resposta a essa indagação não está no acaso, nem unicamente em fatores biológicos ou sociais, mas na soberania de Deus. A Bíblia nos ensina que o tempo de vida de cada pessoa está nas mãos do Senhor, que governa todas as coisas com sabedoria, justiça e propósito eterno.
1. A LONGANIMIDADE DE DEUS PARA COM OS INCRÉDULOS
Muitos vivem longos anos não necessariamente por méritos próprios, mas pela misericórdia de Deus, que deseja que todos tenham a oportunidade de ouvir e crer no Evangelho. O apóstolo Pedro nos ensina que: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tenham por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” (2 Pedro 3.9)
Entretanto, a Bíblia também revela que há aqueles que rejeitam obstinadamente a verdade, e Deus, que conhece todas as coisas, inclusive os corações humanos, permite que partam mais cedo, pois mesmo vivendo mais, continuariam em rebelião contra Ele. O apóstolo Paulo descreve esse processo de rejeição voluntária e juízo divino: “A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, [...] E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na injustiça.” (2 Tessalonicenses 2.9-12)
2. CRENTES QUE MORREM CEDO: MINISTÉRIO CUMPRIDO
Para o cristão fiel, a morte não é sinal de derrota, mas de missão cumprida. Alguns servos de Deus morrem cedo porque já cumpriram o propósito para o qual foram enviados. Estevão, o primeiro mártir cristão, é um exemplo claro disso. Após testemunhar de forma poderosa diante do Sinédrio, foi apedrejado até a morte, enquanto Saulo (que mais tarde se tornaria o apóstolo Paulo) observava. “E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.” (Atos 7.59). “E também Saulo consentiu na morte dele.” (Atos 8:1). Outro exemplo é o apóstolo Tiago, irmão de João, que foi morto à espada por Herodes logo no início da perseguição contra a igreja: “E matou à espada Tiago, irmão de João.” (Atos 12:2). Ambos morreram cedo, mas seus testemunhos perduraram e foram instrumentos na conversão e edificação de muitos.
3. CRENTES QUE VIVEM MUITO: UMA OBRA PROLONGADA
Em contraste, há servos de Deus que vivem longos anos porque sua missão é estendida por vontade divina. O apóstolo João, irmão de Tiago, foi poupado do martírio e viveu até idade avançada. Jesus, ao falar com Pedro sobre sua morte, fez uma referência a João: “Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.” (João 21.22). João ainda tinha uma grande missão: escrever o livro de Apocalipse, revelando verdades profundas sobre o fim dos tempos e a volta gloriosa de Cristo.
4. DEUS SABE QUEM DEVE PERMANECER E QUEM DEVE PARTIR
A vida de Paulo ilustra bem como Deus mantém Seus servos vivos enquanto ainda há propósito a cumprir. Em Listra, Paulo foi apedrejado e morto, mas Deus o levantou miraculosamente porque sua missão ainda não havia terminado: “Vieram, porém, alguns judeus [...] e, apedrejando a Paulo, o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto. Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se e entrou na cidade.” (Atos 14.19-20)
Esse contraste entre Paulo e Estevão nos mostra que Deus decide quem continua e quem parte, segundo Seu plano soberano.
5. DEUS PRESERVA SEUS SERVOS ATÉ O FIM DE SUA MISSÃO
O servo de Deus é preservado enquanto Deus ainda tem algo a realizar através dele. Nem morte, nem enfermidade, nem tragédia podem interromper o plano de Deus para Seus filhos. Certamente na eternidade poderemos ver o que nos era impedido de ver aqui na terra sobre a ação de Deus.
Como Eliseu mostrou ao seu moço quando orou pedindo que seus olhos espirituais fossem abertos, há uma realidade invisível de proteção divina: “E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. E orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.” (2 Reis 6:16-17)
É por isso que a famosa frase, atribuída a alguém no passado, ecoa com tanta verdade: “O homem de Deus é imortal até que Deus termine através dele o que se propôs a fazer na terra.”
CONCLUSÃO: VIDA COM PROPÓSITO, MORTE COM GLÓRIA
O crente entende a vida como um presente de Deus e a morte como o término do ministério terreno. O crente vive não por sorte ou acaso, mas por propósito. E quando esse propósito se cumpre, Deus o chama para Si. Seja por martírio, enfermidade ou morte natural, a vida do cristão está firmemente nas mãos do Senhor.
“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” (Filipenses 1.21)
Que cada crente viva consciente de seu chamado, servindo com fidelidade até o dia em que Deus disser: "Vem, servo bom e fiel" (Mateus 25.23).

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