Em tempos de constante transformação, é natural que alguns aspectos da nossa sociedade também se modifiquem. No entanto, há uma mudança que parece estar ocorrendo silenciosamente, de forma quase imperceptível aos olhos mais desatentos: estamos perdendo a capacidade de identificar o mal.
Estamos expostos a um bombardeio de informações e imagens, muitas vezes distorcidas ou manipuladas. A violência, a corrupção e a injustiça se tornaram parte do nosso cotidiano, permeando noticiários, filmes, séries e as redes sociais. Gradualmente, nos acostumamos a isso e deixamos de perceber o impacto negativo que causam sobre nós, nos levando à perda do afeto natural.
O mal se camufla nas entrelinhas, nas pequenas atitudes do dia a dia, e muitas vezes passa despercebido. Estamos tão envolvidos em nossas rotinas frenéticas, preocupados com nossas próprias vidas, que deixamos de prestar atenção aos sinais sutis ao nosso redor. A falta de empatia, a indiferença diante do sofrimento alheio e a aceitação passiva da injustiça são exemplos claros dessa perda de sensibilidade.
Além disso, vivemos em uma era em que a manipulação da informação é uma arma poderosa. Notícias falsas, discursos de ódio e propaganda enganosa se espalham rapidamente, confundindo e influenciando as opiniões das pessoas. Muitas vezes, nos deixamos levar por essas narrativas distorcidas, incapazes de discernir a verdade do engano.
É fundamental que façamos uma reflexão profunda sobre essa perda de capacidade de identificar o mal. Precisamos proteger nossa sensibilidade, estar atentos aos pequenos gestos e às atitudes que podem parecer insignificantes, mas que são reflexos de uma moralidade deturpada. Devemos questionar as informações e cultivar um senso crítico aguçado. Além disso, é essencial resgatar os valores fundamentais que nos tornam humanos. A solidariedade, a compaixão e a justiça devem nortear nossas ações e decisões.
Perder a capacidade de identificar o mal, causa um dano profundo no ser humano. Precisamos reacender a chama da consciência, da ética e do discernimento em nossos corações, a fim de contribuir para uma sociedade mais justa, compassiva e humana, capaz de enfrentar os desafios que o futuro nos reserva.
Essa perda da capacidade de identificar o mal é um tema importante quando observado, também, pela perspectiva escatológica. A Bíblia apresenta diversas passagens que abordam a existência do mal e como podemos discernir entre o bem e o mal. É nas Escrituras que entendemos o mal como rebelião contra a vontade de Deus, através da manifestação da natureza pecaminosa do ser humano desde a queda no Jardim do Éden.
Uma passagem relevante é Isaías 5.20, que diz: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; e fazem do amargo doce, e do doce, amargo!“. Nesse versículo, somos alertados sobre a existência da perturbação moral, onde as pessoas podem inverter os valores, confundindo o bem com o mal e vice-versa. Isso ocorre quando se perde a perspectiva correta e se permite que influências enganosas guiem o julgamento pessoal.
Além disso, a Bíblia nos instrui a buscar a sabedoria e o discernimento de Deus. No livro de Provérbios, por exemplo, é dito que “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Provérbios 9.10). Quando temos um relacionamento íntimo com Deus, buscamos Sua vontade e nos submetemos aos Seus ensinamentos, somos mais capazes de identificar o mal e resistir a ele.
Em última análise, a perda da capacidade de identificar o mal é resultado da influência do pecado, da desobediência a Deus e da falta de discernimento espiritual. É importante, portanto, que busquemos continuamente a orientação de Deus, estudando Sua Palavra, orando e buscando viver de acordo com os princípios por Ele estabelecidos. Dessa forma, seremos capacitados a discernir o bem do mal e a tomar decisões que glorifiquem a Deus e promovam o bem em nossa vida pessoal, familiar e na sociedade.
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