Clamor por reavivamento

Pr. Juvenal Dias Rocha

Lendo o livro de Habacuque, uma das lições práticas que podemos aprender de sua oração é que precisamos dar continuidade em sua oração - seu clamor por reavivamento. Vemos dias semelhantes aos do profeta, e verificamos que a situação do povo de Deus, hoje em dia não é diferente da situação percebida e vivida pelo profeta.

Judá dos tempos de Habacuque estava colhendo os frutos do que a nação tinha semeado nos tempos dos reis anteriores, e agora, sob o reinado do rei Jeoquim, filho do rei Josias e neto do rei Manassés. Por isso, se encontrava em estado deplorável de tal modo que a frieza espiritual se instalara pelas evidências dos sinais de um povo afastado de Deus - o profeta se queixa perante Deus da violência pecaminosa em toda a parte, e nenhum castigo é infligido aos maus. Um caos ético e social que o texto de 1.2-4 apresenta combina com a decadência moral dos dias do reinado de Jeoaquim (609 - 598 a.C), conforme denuncia Jeremias.

Semelhantemente, vivemos tempos difíceis em que o atual povo de Deus - a igreja - colhe frutos amargos de seu afastamento de Deus, ao abandonar, no passado pós reforma, as doutrinas proclamadas pelos reformadores - a justificação e vida cristã pela fé. Hoje a queixa dos “profetas” é a mesma: o povo de Deus se encontra em evidente letargia espiritual - Não mais se prega o puro Evangelho; O povo de Deus não mais é exortado a viver pela fé, mas pelo que está ao alcance dos sentidos. Hoje, só se acredita no que se vê - na prosperidade e nos milagres na vida boa e terrena!

Por conta disso, se instalou verdadeira violência - e a nação brasileira, bem como o mundo todo está mergulhado em caos religioso sem precedente na história. E a consequência desse afastamento se percebe (por parte de quem tem olhos para ver) em todas a vertentes da sociedade. O mundo em caos político, social, econômico devido ao caos religioso em que se encontra. A igreja está morta ou quase morta!

Portanto, urge ao povo de Deus clamar: “aviva a tua obra, ó SENHOR, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia”.

Nunca houve um tempo na história do povo de Deus em que se afastou tanto de Deus. O povo de Deus se afastou de seu Deus! Como pode ser isso? alguém poderia perguntar. No que se crê e no modo como se crê. Se esse jogo de palavras está confuso, foi de propósito, pois desejo enfatizar que, na maioria das vezes, não se crê no que se deveria crê; e quando se crê no que se deve crê, não se vive como crê. Isso é chamado no jargão filosófico (lógica) de contradição. Esse modo de agir diferente do crê afasta as pessoas de Deus.

Então é hora de se praticar o que se crê (desde que o que se crê seja bíblico, seja agradável a Deus, pois, mesmo quando cremos na Bíblia, mas não a praticamos. Mesmo que sabemos, pela Bíblia, o que agrada a Deus, mas não obedecemos, estamos em contradição).

Este é o desafio de voltar-se para Deus que Tiago trata. De acordo com Tiago, afastando-se de Deus, nos tornamos infiéis. E isto gera uma vida centrada no “eu”, de modo que a finalidade da existência e da redenção se perde e o crente não glorifica a Deus! Desse modo a vida se torna sem sentido eterno e se restringe apenas à esfera terrena. Aí o crente, adormece espiritualmente e necessita clamar por reavivamento. Isso mesmo. Pois reavivamento é necessário quando o povo de Deus se encontra distante dEle.

Mas alguém dirá: Eu não estou afastado de Deus, pois sou assíduo aos cultos! Sim, a assiduidade do crente ajuda muito a cultivar presença de Deus. A função do culto é, realmente, aproximar mais e mais, o crente de Deus, mas não é tudo. Resta ao crente verificar se sua vida está de acordo com a vontade de Deus, buscar constantemente sua comunhão, compartilhar dons, talentos, bênçãos e esperança; e ainda assim, não se dar por satisfeito. Por isso precisa ver se tem verdadeira piedade, isto é, se tem sede do Deus vivo (Salmo 42), se está sob influência do Espírito Santo, no sentido de ter gosto pela a Palavra de Deus, de compreender Sua vontade e ter discernimento de pecado, confessá-lo e de ter compromisso com a Palavra de Deus e a Igreja de Cristo.

Pr. Juvenal Dias Rocha

Igreja Batista Regular no Bairro Brasil

Uberlândia-MG