Há estudiosos da Palavra de Deus que acreditam que a volta de Cristo para buscar a Sua Igreja não é iminente, uma vez que Ele não pode retornar enquanto o Evangelho não for anunciado para todas as nações (Mt 24.14). Assim, como muita gente ainda não ouviu a mensagem do Evangelho e a Bíblia não foi traduzida para todas as línguas, acreditam que a volta de Cristo ainda nem está na pauta. Por essa razão, tais pessoas enfatizam que a obra missionária deve se concentrar nos povos não alcançados com o propósito de apressar a volta de Cristo.
Mas Deus não depende de nós. Ele executa os seus planos, soberanamente, independentemente da vontade ou ação humana. Nada pode frustrar aquilo que o todo-poderoso planejou (Jó 42.2). A mesma precisão do “dia e hora” (Mt 24.36) da Revelação de Cristo, acontece com o arrebatamento da Igreja que tem seu lugar devidamente preparado por Cristo (Jo 14.1-4).
O erro está na má interpretação de Mateus 24 que não se aplica à dispensação da igreja, pois neste capítulo, os versiculo1 a 14, falam da primeira metade da tribulação e, os versículos 15 em diante, falam da segunda parte da tribulação (Daniel 9.27). Sendo assim, como a Igreja não passará por esse período de sete anos aqui na terra, o versículo 14 de Mateus 24 não pode ser uma orientação para missões da igreja e nem para um possível apressar da volta de Cristo (arrebatamento). Interpretado fora do contexto, esse versículo deu origem a esta visão deturpada de missões com especialização em povos não alcançados.
Outro detalhe importante é entender a que se refere a expressão o evangelho do reino do versículo 14, que não deve ser confundido com o evangelho da graça de Deus (At 20.24) que passou a ser pregado a partir do Pentecostes até o arrebatamento. O evangelho da graça de Deus promete justificação pela fé em Cristo e um lar com Ele no céu por toda a eternidade. O evangelho do reino declara as boas novas da vinda do Rei que estabelecerá Seu reino, em poder, sobre a terra. É o mesmo evangelho pregado por João Batista (Mt 3.1,2), pelo Senhor Jesus Cristo (Mt 4.17), e por Seus discípulos (Mt 10), sempre antes do Pentecostes. Mateus 24.14 acontece dentro da tribulação e os missionários serão os 144.000 selados das 12 tribos de Israel (Ap 7.1-8).
O milênio será povoado pelos seguintes grupos: Os convertidos durante os sete anos da tribulação (Ap 7.1-17; 14.1-5); os santos ressurretos do Antigo Testamento, aqueles a quem o Reino foi prometido (Hb 11.39,40); os santos mártires da tributação que serão ressuscitados; os que permanecerem fiéis a Cristo durante a tributação até à sua vinda; os que nasceram durante o Milênio (Ap 14.12; 18.4; Is 65.20-23); os santos da Igreja (Ap 2.26,27; 3.21; 5.10; 20.4). É bom deixar claro que a salvação, em todos os tempos, é sempre através do sangue do Cordeiro.
O evangelho do reino é a pregação das Boas Novas para todas as nações dizendo que O Senhor Jesus virá em breve para instalar o Seu reino milenar aqui na terra, o que ocorrerá após o final da septuagésima semana de Daniel. Portanto, o versículo 14 fala da volta de Cristo COM a Igreja e não PARA arrebatar a Sua Igreja.
O “evangelho do reino” será a proclamação que também adverte, especialmente, mas não exclusivamente, para Israel, que o reino do Messias está próximo de ser estabelecido, ou seja, o versículo afirma que as boas notícias nesta pregação é que o Reino está próximo e que só entrará nele quem receber a Cristo como seu Salvador e Messias. Será um reino político, mas ao mesmo tempo profundamente espiritual, pois a salvação sempre foi, é e será pela Graça de Deus.
Os que ensinam que missões hoje é pregar o Evangelho, apenas aos povos não alcançados para apressar a volta de Cristo, cometem erro de interpretação de Mateus 24.14. Ali não é uma referência ao arrebatamento da igreja, mas à revelação de Cristo voltando COM a Igreja.
Quem defende esta interpretação conclui que a Igreja não pode ser arrebatada enquanto o Evangelho não tenha sido pregado a toda criatura, em todo o mundo. Esta posição se baseia na crença de que não haverá um arrebatamento pré-tribulacional da igreja. Por falta de discernimento, o que estão dizendo, na prática, é que a Igreja irá evangelizar a todas as nações durante a Grande Tribulação e que o arrebatamento ocorrerá depois que todas as nações tenham sido evangelizadas. Ou seja, são pós-tribulacionistas.
Essa posição, acreditando que a Igreja possa apressar ou atrasar a volta de Cristo através da pregação do Evangelho, além de contribuir para a distorção da obra missionária, também está negando a Soberania de DEUS, como se Ele dependesse dos homens para realizar a Sua vontade. Nega, principalmente, a iminência da volta de Cristo: "A bendita esperança" (Tito 2.13).
Pr. Valter R. Nogueira & Pr. Carlos A. Moraes
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